Surgiu, no primeiro dia de 1968, por iniciativa do beato Paulo VI,

o Dia Mundial da Paz que, desde então até agora, tem constituído magnífica base para que a Igreja e também o mundo inteiro reflictam sobre este ponto tão importante no que respeita à convivência, ao diálogo, à solidariedade e compreensão para que a terra inteira possa viver numa era de sossego, harmonia e quietude..
Num tema tão complexo e problemático, tal é a paz, não se esgotam, por uma vez, os ensinamentos, pareceres e sugestões capazes de fundar no mundo um reino tranquilo, pacífico e ordeiro onde toda a gente possa andar à vontade, em segurança desanuviada e quieta.
Este ano, o Papa Francisco aponta como divisa e lema: “Vence a indiferença e conquista a paz” como processo para alcançar a paz.
Lembrando os acontecimentos do ano transacto, tão graves e terríveis que iam assumindo perfis de uma terceira guerra mundial, embora não espalhada por todos os continentes, o Sumo Pontífice demandou a esperança para vir devolver à terra o amor, o carinho, a ternura e assim reconquistar para toda a humanidade, mesmo à custa de muitos sacrifícios, a tão desejada paz.
Lembra o dever da corresponsabilidade recíproca e da interdependência prática nascidas de partilha compassiva, do interesse mútuo e ainda solicitude empenhada que fomentem a atenção aos outros e a justiça universal.
Surge na mensagem um aviso individual e comunitário, onde se afirma: “A indiferença e consequente desinteresse constituem uma grave falta ao dever que cada pessoa tem de contribuir – na medida de suas capacidades e da função que desempenha na sociedade – para o bem comum, especialmente para a paz, que é um dos bens mais preciosos da humanidade”.
Nisto há que recordar os direitos nascidos das exigência fundamentais para todos viverem. E o documento enumera: “o alimento, a água, os cuidados da saúde ou o trabalho” cuja negação conduz as comunidades a tudo obterem pela força.
O tempo de hoje com as dificuldades experimentadas por tantos, unidas aos incómodos opressivos e ainda sobrecarregadas pelos comportamentos egoístas e ambiciosos de alguns conduzem à revolta, ao mal-estar, à desordem e tumulto geralmente fonte e ocasião de guerras opressivas onde a morte impera e domina.
Aproveitando o ano consagrado à misericórdia, a menagem pontifícia chama a atenção para tantos gestos e atitudes que tornam o homem egoísta, interesseiro, ambicioso e lhe roubam as faculdades da correspondência recíproca para inter-ajudarem o semelhante, compartilhando com os outros os seus bens pessoais.
Baseando-se nas regras evangélicas, o Sumo Pontífice apela para os regulamentos bem claros nas palavras de Jesus que repetem: “Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo o seu irmão com necessidade, lhe fechar o seu coração, como é que o amor de Deus pode permanecer nele?” E ainda recorda o agir das primeiras comunidades eclesiais que organizavam peditórios, às vezes bem longe dos países arruinados por diversas catástrofes, para socorrerem os seus irmãos envolvidos em necessidades levantadas por desventuras e infortúnios acontecidos.
Também neste mundo, para fundamentar, em alicerces fortes e básicos, a partilha dos bens, necessário se torna um viver mais humilde e regrado, para assim se poder auxiliar com maior largueza os indigentes, a fim de eles viverem num sossego e quietude capazes de lhe darem facilidades de paz tanto interior como exterior.
Esta formulação educativa deve começar desde tenra idade, lembra o Papa, a fim de criarmos um mundo novo assente na camaradagem social e na convivência solidária sobretudo para quantos vão convivendo connosco quotidianamente de cujas necessidades somos testemunhas.
Tal solidariedade constituirá a base de um tempo novo fundado numa cultura solidária e compassiva donde nascerá a paz, o bom entendimento que, por sua vez, dotarão a humanidade de uma perfeita convivência fraterna e cooperante.
A paz em Deus é fundamento de grande felicidade, por isso tem de se pedir com fé e perseverança, ao mesmo tempo que se deve pugnar pela sua realização mesmo à custa de lutas interiores e sacrifícios para que reine entre os homens: a simpatia, a ternura e o bem-querer.