Morte provocada

A despenalização da eutanásia foi aprovada pela Assembleia da República em votação final global, no dia 29 de Janeiro. Esta lei foi aprovada com os votos favoráveis das bancadas do Bloco de Esquerda, PAN, PEV, Iniciativa Liberal e das duas deputadas não-inscritas. O PCP, CDS-PP e Chega votaram contra. As bancadas do PS e PSD estiveram divididas no momento da votação.Numa altura em que o País e Mundo lutam pela sobrevivência da Humanidade, devido a uma pandemia devastadora e mortífera, a aprovação de uma lei que atenta conta a vida não tem qualquer sentido de oportunidade. Neste processo não houve um debate sério e esclarecedor e muito menos a preocupação em encontrar formas alternativas.Na internet está a circular uma petição dirigida ao Presidente da República para que “exerça o direito de veto para dignificar o valor inestimável da vida”. O texto introdutório diz que “agora surge esta lei vergonhosa e hipócrita para aumentar ainda mais as mortes em Portugal”, sem olhar ao esforço que se está a fazer actualmente para salvar vidas nesta fase crítica da pandemia.Os Bispos portugueses reagiram com “tristeza e indignação” pela aprovação da lei que autoriza a eutanásia, no momento do maior agravamento de uma pandemia mortífera. Escreveram os bispos: “Essa tristeza e indignação são acrescidas pelo facto de se legalizar uma forma de morte provocada no momento do maior agravamento de uma pandemia mortífera, em que todos queremos empenhar-nos em salvar o maior número de vidas, para tal aceitando restrições da liberdade e sacrifícios económicos sem paralelo. É um contra-senso legalizar a morte provocada neste contexto, recusando as lições que esta pandemia nos tem dado sobre o valor precioso da vida humana, que a comunidade em geral e nomeadamente os profissionais de saúde tentam salvar de modo sobre-humano”.Perante o desfecho que teve uma matéria tão sensível como a eutanásia, cada pessoa é convidada a uma reflexão profunda sobre a forma como exerce, ou não, o seu direito de voto.