Geralmente transpomos para a existência individual os problemas próprios,

com suas questões particulares, quando a realidade do nosso existir se transformou em múltiplas facetas, deixando permanecer em nós quanto que pensamos. Depois, não coincidindo os nossos intentos, ficam-nos desadaptados na mente e dão azo a alguns problemas.
Veio-me isto ao pensamento, ao reparar como alguns casais programam os tempos livres, horas e dias de ócio, sem olharem suas responsabilidades e obrigações.
Julgando-se normal verem as férias como libertação dos trabalhos e aceitando a primazia do pensar comum instalado à nossa volta que se apresenta repleto de liberdade, sobretudo no uso do tempo delineado com enorme independência, como se fossemos os senhores da nossa história, sem deveres para com terceiros. Deste modo, deixamos para trás várias obrigações pessoais.
Será igualzinho o criterioso aproveitamento das férias de um solteiro sem obrigações e de um casado com esposa e filhos?
E os meninos ou adolescentes e mesmo rapazes já crescidos programam os seus intentos de descanso, conforme os anúncios de revistas que pairam em casa ou pregões dos meios de comunicação social e ainda ao sabor das conveniências de seus amigos?
Num século eivado de autonomia pessoal, no qual desaparecem os relacionamentos ainda os mais fortes, necessário se torna pensar na maneira mais perfeita de programar umas férias.
A família, sendo uma comunidade de amor, onde cada um é chamado à partilha e a ir apreendendo a felicidade como dom recíproco e fraterno a fruir colectivamente, não pode ser olhada como se todos fossem solteiros, sem ter em conta as posições de todos e cada um. Todos sabemos ser a entreajuda, a partilha, a comunicação de pensar e agir modo de fomentar o carinho, a ternura, o bem-estar, proporcionando-nos mais estabilidade e segurança no agir, sobretudo nos problemas mais complicados.
Também o relacionamento com os filhos requer cuidados e desvelos para os ajudar a subir à plenitude da vida da inteligência, do incremento no amor, do despertar e desenvolver a fé. E tudo isto pedindo infinda atenção, requer tempo e obriga a desenvolver muita estima e carinho.
Tais actos poderão fazer-se sem tempo e à distância, sem um contacto habitual e corrente?
As exigências do mundo actual pedem muito. O trabalho é açambarcador, o relacionamento social, a convivência, o desporto, o turismo, a preocupação de crescer em sabedoria, etc. etc., sem contar com as doenças e o inesperado precisam de horas e dias multiplicados.
Ora por mais que se tenha a fazer, o mais importante, no mundo dos mortais, é a família sobretudo os membros que se desenvolvem, neste momento: as crianças, os adolescentes, os jovens, o cônjuge, que também é gente e com problemas...
Para formar a intimidade da família, necessitam-se horas e horas, a propósito e a despropósito, para trocar impressões com todos reunidos ou conversar isoladamente com cada um dos seus membros, sem falar nas elucidações a fazer e na disponibilidade assídua, a tempo e fora de tempo.
Tudo isto se recorda para todos sabermos que é preciso desfrutar em férias momentos para os familiares não só tendo em vista o essencial mas também o distrair, o conviver, sem mais nada que nos ocupe ou entretenha, pois também ‘o doce nada fazer’ deve ocupar o lugar não apenas na nossa existência individual como ainda colectiva.
É certo ser necessário também para as crianças e os jovens a convivência com os da sua idade, coisa a não tirar no tempo de repouso.
Nos dias de hoje, as férias são para os mais novos ocasião de congregar suas famílias num ambiente de paz, sossego e concórdia, de recuperar as forças para novos trabalhos, de alargar as vistas para novas paisagens, costumes e para fazer o ponto da situação do andamento de todos e de cada um.
Também se tem de fazer a experiência de olhar a liberdade, precaver-se de qualquer confusão que possa desviar-nos da rota autêntica.
Se educar é tomar pela mão, é compreender, apontar o rumo certo, adivinhando problemas e projectos, promovendo a boa conduta futura, deve-se-lhe dedicar tempo e preocupação, a fim de situar bem a vontade, treinar bons hábitos e, assim, formar um homem para a vida.
Ora conforme a constituição dos costumes hodiernos, os trabalhos quase desde a meninice absorvem as condições propícias para a educação...
Para as horas de férias necessário se torna despertar para estes pontos tantas vezes esquecidos.