Apoiado no exemplo do Pe José Vaz, vindo da Índia para anunciar o Evangelho do Reino de Cristo,

no Sri Lanka, entre perseguições múltiplas, desconfortos inauditos, incompreensões excessivas, o Papa Francisco abalado pelos acontecimentos tão propalados de Paris, onde homens mataram outros homens, por causa de questões de fé ou costumes, lançou, várias vezes, apelos, pedindo liberdade e respeito pelas convicções religiosas dos demais que passamos a citar: “cada um deve ser livre, sozinho ou associado a outros, de procurar a verdade, de expressar abertamente as suas convicções religiosas, livre de intimidações e de constrangimentos externos”.
Como estava num país onde existem várias formas de aderir à Divindade e de a Ela se devotar, seguindo diferentes feições de Lhe obedecer e A exaltar, conforme a sua própria consciência, voltou várias vezes ao mesmo assunto, com o intuito de confirmar os fiéis católicos e expor aos outros o seu poder legítimo de apresentarem pessoalmente ou em grupo a ideia pessoal da sua crença.
Eram bem necessárias estas palavras naquela terra onde têm vindo a grassar, durante trinta anos, conflitos, desavenças e discórdias, sobretudo por causa de discórdias e desavenças do foro religioso. Entretanto, também com o apoio dos católicos o bom entendimento vai já reinando juntamente com o diálogo franco constituído como a regra normal naquele país.
Ao chegar às regiões chamadas outrora Ceilão, o Papa Tarcísio, ao retribuir as saudações, após  os cumprimentos do Presidente daquele território que nem é católico, não deixou de observar: “A minha visita quer também expressar o amor e a solicitude da Igreja por todos os cingaleses  e confirmar o desejo da comunidade católica de participar activamente na vida desta sociedade”. Tal preocupação aliás vem dos séculos passados, nos quais muitos cristãos deram até a sua vida, como se tinha ouvido um pouco antes, neste mesmo discurso, ao afirmar: “um ponto central desta visita será a canonização do beato José Vaz, cujo exemplo de caridade cristã e de respeito por todos, sem distinção de etnia ou de religião, continua a servir-vos de inspiração e lição ainda hoje”.
Ficou bem claro, nas sua palavras, que para a coexistência de diversidades, no mesmo país, seriam bem precisas, como outrora, três virtudes basilares: amizade, diálogo, solidariedade, a fim de se tornar possível a entreajuda, a concórdia, a paz.
Para se coabitar num clima de estima recíproca, agora como nas eras passadas, torna-se, necessária a compreensão mútua vida num perfeito conhecimento e numa total abertura sem o que a convivência não será completa nem franca, uma vez que a discordância não é só ameaça, mas sim falta de respeito e apreço pela dignidade humana dos outros.
Os equívocos que atribuem ao outro muitas coisas ainda não pensadas por ele serão frequentemente causadas por intrigas, enredos, a tornarem-se, mais tarde e frequentemente, começo de mal entendidos, ódios, quando não guerras ferozes.
Não deixou o Papa de citar um pequeno documento sobre as crenças, onde se afirma que a Igreja católica nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo, pois olha com sincero respeito esses modos de agir e viver esses preceitos e doutrinas.
Neste contexto, ofereceu a cooperação inter-religiosa dos próprios católicos para o bem comum de toda a sociedade cingalesa e para a feliz harmonia de todas as doutrinas que se abrem com verdade e respeito para todas as outras, sobretudo nesta hora na qual ainda não estão saradas todas as feridas do desentendimento e rivalidades ainda  reacendidas na memória de tantos.          
Como afirmou o Papa, nesta hora de hostilidades e divisões, o exemplo de São José Vaz  é idóneo e suficientemente válido para dele se recobrar  um ícone vivo e caridade misericordiosa e reconciliadora de Deus. Será ainda um exemplo para quantos pretendem a Igreja una e quanto possível concorde, a fim de estabelecer, com humildade e diligência, a conciliação não só entre os crentes em Cristo mas ainda com quantos pretendem servir a Deus nos gestos de auxílio e assistência aos homens mesmo descrentes.
A reconstrução das múltiplas sociedades humanas terá de ser um serviço contínuo ao mundo inteiro para que nele nada se perca em quezílias, mas enchendo-se de paciência e amor, possa conseguir efectuar a concórdia e a amizade pela terra fora.
Sem distinção de raças e sociedades, linguagens ou costumes o nosso cuidado afeiçoado pelos homens deverá transformar-se num amor vivido e atraente.
A violência terrorista é a antítese da verdadeira ternura amorosa semeada por Cristo e entregue aos seus discípulos para a repartirem pelos outros homens tornados, no íntimo, irmãos.
Para que tal  processo tenha lugar, é preciso que todos os membros da sociedade trabalhem juntos; todos devem ter voz; devem ser livres de expressar as suas preocupações, as suas necessidades, as suas aspirações e os seus temores. Mais importante, porém, é estarem prontos a aceitar-se uns aos outros, respeitando as legítimas diversidades e aprendendo a viver como se fora uma única família.
Quando as pessoas se ouvem respeitosa e francamente umas às outras, pouco a pouco vão aparecendo mais visivelmente os valores e aspirações comuns. A diversidade será vista não como ameaça mas como fonte de enriquecimento. Divisa-se mais claramente a estrada para a justiça, a reconciliação e harmonia social”.