Com bastante rapidez, sobretudo nos últimos tempos, a mulher foi adquirindo estatuto e condição que a vai dignificando e igualando ao homem,

desde o mando familiar até à influência em questões sociais e políticas, mercê da sua promoção empreendedora, activa, imprevista até.
Tudo surgiu da nova mentalidade que se foi introduzindo no ambiente geral e colocou, na mesma linha de honra, decoro e competência, ambos os sexos. Depois, tornou-se frequente e quase habitual uma instrução comum, graças à qual a mulher foi ocupando lugares importantes e considerados.
O movimento feminista introduziu-se em campanhas universais, querendo colocar o problema da assimetria de posições, homem e mulher, equiparando-o ao racismo ou outras posições dominadoras sem razão válida. Lançou-se então uma campanha para igualar os sexos. Movimentaram-se gentes, iniciando na cidade do México, de 19 de Junho a 2 de Julho, um congresso aberto a todos os agentes donde emanou o projecto de vir a celebrar-se o ano internacional da mulher. Torna-se interessante ter sido proposta do Terceiro Mundo este alvitre capaz de marcar o tema com um propósito político, a confundir-se com um movimento de libertação de oprimidos.
Tal movimento repercutiu-se também na Igreja que, desde há muito, considerava a posição da mulher com dignidade e respeito, a principiar pela veneração dada a Nossa Senhora e a inúmeras santas veneradas nos altares cujos exemplos se apontavam a todo o povo cristão. Além disso, vem dos primeiros séculos do cristianismo, o costume de colocar mulheres em lugares de responsabilidade e preponderância nas direcções dos mosteiros, das ordens religiosas e demais obras que se dirigiam à educação das crianças e adolescentes, ao tratamento dos doentes e dos velhos, sem falar em funções de ensino, magistério, não só em ordem a indicar atitudes convenientes e portes correctos tanto na vida como nas assembleias cristãs mesmo litúrgicas.
Pelos séculos fora, tal  promoção feminina foi-se alargando e adquirindo um relevo cada vez maior, hoje impossível de calcular.
Difícil se torna enumerar as associações que se juntaram  na União Mundial das Organizações Femininas Católicas e muito mais difícil expor seus misteres e trabalhos. As centenas  e centenas de mulheres agregadas por este dinamismo vigoroso prestam-se a uma força interior tamanha que lhes permite proclamar: “Nós somos as mulheres mais livres do mundo e as pessoas mais livres na Igreja; e propusemo-nos colocar a nossa liberdade ao serviço dos que estão mais oprimidos que nós”.
Embora em 1963, o movimento feminista não estivesse muito implantado nos grupos eclesiais, o bom Papa João afirmava já que a emancipação feminina avançava mais rapidamente nos países de tradição cristã que nos outros. A razão era o respeito ensinado a todos desde o início educativo e a própria moral cristã
A polémica estendeu-se a diferentes áreas do labor eclesiástico e inseriu nele reflexão de teólogos, considerações de pastoralistas, orientações espirituais profundas para alcançar o discernimento de tantos problemas que veio suscitar, por todo o lado a regra de conduta de muitas mulheres piedosas e apostólicas.
Tal problema delineado oficialmente no Sínodo dos Bispos, em 1971, empurrou a cristandade a organizar uma comissão pontifícia para estudar a função das mulheres na sociedade e na Igreja.
As coisas foram-se apresentando de tal modo que é quase normal nas Igrejas da América Latina, no Canadá e Estados Unidos, ver mulheres encarregadas pelos bispos de dirigir paróquias e outras actividades eclesiais.
Entre nós, não se desprezaram as boas vontades de tantas mulheres que preparam a liturgia não só no asseio dos templos mas ainda na direcção das assembleias, nos cânticos e outras funções, a serem responsáveis pela catequese, a ministrarem a comunhão eucarística, a dirigirem obras sociais das paróquias e dioceses.
Mesmo em Roma, nas estâncias do Governo da Igreja vai-se pensando em universalizar a Cúria, descentralizando alguns serviços que se entregarão a mulheres. Tal é o pensar já manifestado do Papa Francisco.
Não que o serviço curial tenha em vista o ostentação do poder, como há dias referiu o Papa, a volver-se em pedestal de importância, mas seguindo as palavras do Mestre divino, tenhamos de compreender que o maior do Reino será o servo de todos.
Não terá em vista a reforma da Cúria Romana fazer gente importante para o mundo e muito menos do sexo feminino, mas congregar sob a impulso pontifício gente de toda a parte para trazer os problemas de outras regiões e até a feição de os resolver.
Por isso, o Dia Mundial da Mulher, 8 de Março, terá em vista, no âmbito eclesial, o servir os outros e a  unir mais e mais o género humano, pois a nossa grandeza será o servir.