Na festividade da Mãe de Misericórdia que inicia a sua vida no esplendor da luz, da graça e do amor de Deus

, vamos iniciar o Ano Santo da Misericórdia, olhando o Amor inefável do Omnipotente que sempre a abrir-nos ao Seu Perdão e à Sua Graça que a Igreja, repleta da bondade de seu Fundador, Jesus Cristo, nos vai outorgar, segundo os ditames do Sumo Pontífice Francisco proclamados, a 11 de Abril de 2015, véspera da celebração litúrgica da Divina Misericórdia, a estender-se até a 20 de Novembro de 2016, solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, no encerramento do ano litúrgico.
Na Bula da proclamação do jubileu, encontramos, muito embora, compendiada a maravilhosa doutrina sobre tamanho mistério tal como é revelado pela Bíblia Santa, tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Neste documento, deparamo-nos com o resumo da doutrina maravilhosa do Amor gratuito e incomensurável do assombroso e deslumbrante segredo da caridade nascida do amor divino para nós. Servir-nos-á de fundamento de contemplação e enlevo, de quietação serena e fascinante para a doçura espiritual de que é portador.
A Bula principia com uma definição simples: “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai” e continua, afirmando ser este mistério a síntese da nossa fé, para mais adiante juntar, e da nossa esperança.
Para além da sensação experimentada na alma, ao considerarmos a grandeza do amor divino que perdoa e torna a perdoar, ficamos a saber quanto Deus amou o mundo através de um bem-querer sempre renovado, a servir para nós de exemplo e lição, a fim de a prolongar em nós, como afirma a Bula: “Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos, nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai”.
Para além da história do Povo Santo, das citações dos seus salmos, das narrativas admiráveis e inauditas do relacionamento do Eterno com sua gente imersa em faltas, culpas e crimes à qual sempre se perdoa com amor imenso, leremos também um conselho que ultrapassa toda a nossa capacidade: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”. Aparecem, neste mesmo ensinamento, vozes dos filhos da Igreja onde se repetem os seus dizeres, como na citação de São Tomás de Aquino: “É próprio de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua omnipotência”.
Não é a primeira encíclica sobre tal doutrina publicada nestes tempos, recorda o Santo Padre. De facto, no primeiro domingo do Advento de 1980, João Paulo II, assina a carta enviada a todos os bispos, versando este tema tão esquecido do povo cristão, nestes tempos de agora, mercê do egoísmo orgulhoso da humanidade. Dela, o actual Pontífice extrai alguns pensamentos que cita textualmente, afirmando o esquecimento em que havia caído a pregação e a vivência do Deus misericordioso revelado no infinito amor compassivo de Jesus e entregue à Igreja para ela o difundir pelo mundo, através do testemunho de seus fiéis vivido tanto no procedimento individual como colectivo.
Apoiado nestas palavras, Francisco pretende levar ao coração da cristandade um sentido novo para se estabelecer na terra o amor e a graça: “Neste Ano Santo, - afirma – poderemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. (...) Neste jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas”.
Tal compaixão deve começar na vida eclesial. Por isso, o Santo Padre pretende enviar por toda a terra “os missionários da misericórdia, como sinal da solicitude materna da Igreja pelo povo de Deus, para que entre em profundidade na riqueza deste mistério tão fundamental para a fé. Serão sacerdotes a quem darei autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, para que se torne evidente a amplitude do seu mandato. Serão sobretudo sinal vivo de como o Pai acolhe todos aqueles que andam à procura do seu perdão”.
Após explicar a indulgência a conceder a todos, a Bula termina com uma referência profunda e forte à Mãe da Misericórdia que esteve ao pé da cruz, a participar na redenção de todo o género humano, juntando as suas lágrimas às dores de seu bem-amado Filho.
Será este ensino uma forma extraordinária de nos embrenharmos nos grandes segredos divinos realizados pela Omnipotência, em toda a história presente, passada e futura, na história de todos os homens e mesmo de todos nós.
Com esta luz, não receamos aproximar-nos do Senhor maravilhoso que a todos perdoa, na esperança e certeza da sua graça e bondade e aproveitar a ocasião que nos dá o Papa para alcançarmos a renovação do nosso viver.