Maria de Jesus, mais conhecida por Jú, de 53 anos, é a proprietária do estúdio de fotografia «Foto Katytel»,

instalado na Loja n.º 22 do Centro Comercial de São Francisco, na cidade da Guarda. Maria de Jesus contou ao Jornal A GUARDA que está ligada à fotografia desde os 22 anos, quando foi trabalhar para o «Foto Valente». No ano de 1997, com o marido Joaquim Igreja, falecido em 2010, instalaram-se por sua conta no rés-do-chão do mesmo Centro Comercial, onde abriu a «Foto Katytel». “O nome - Katytel - é porque a minha filha mais velha é Cátia (Kat) e a mais nova é Telma (Tel)”, justificou. Em 2000, o casal mudou-se para outro espaço, na Rua Mestre de Avis. Em 2007 a loja mudou outra vez para o Centro Comercial de São Francisco, para o 1.º piso, onde se mantém actualmente. “Mudei para cá porque tinha uma montra grande para a rua e na altura este Centro Comercial tinha muito movimento”, disse a proprietária. Nos 31 anos de ligação ao sector fotográfico, Maria de Jesus reconhece que o cenário “mudou completamente”. “Quando eu comecei, com 22 anos, os dias eram cheios de trabalho. Tínhamos dias de ir trabalhar à noite, porque não conseguíamos fazer o trabalho do dia-a-dia”, lembra. E na actualidade? “Agora, com o aparecimento do digital, o negócio ficou fraco e parado, porque as pessoas tinham logo as fotos e não procuravam tanto o fotógrafo, mas de há dois anos para cá, o cenário mudou. As pessoas seleccionam as fotografias e mandam imprimi-las, porque vêem que não há como ter a fotografia no papel. Por exemplo, em relação aos bebés, as avós procuram mais os fotógrafos porque vêm fazer algumas fotografias para elas e para os netos. Para documentos, temos menos procura, mas anda há alguns que necessitam de foto tipo passe. Antigamente tirávamos 20 ou 30 fotos de passe por dia, na altura das matrículas escolares, agora é muito menos. Mesmo assim, há sempre miúdos que tiram para as matrículas, para os passes dos autocarros e para a carta de condução”. “A fotografia não morreu. O sector esteve um bocado parado, mas retomou. Todos os dias aparece alguém a fazer fotografias em papel, ou com fotos na pen ou no cartão ou por email. E ainda aparecem fotografias em rolo, mas já não revelamos na Guarda, porque não compensa. Enviamos para fora. E aparece muita gente a pedir fotografias em telas ou em ampliação”, rematou. A «Foto Katytel» faz trabalhos em fotografia digital, reportagens de casamentos, baptizados e outros eventos e molduras para fotos e para aplicação em bordados. “Casamentos e baptizados vão aparecendo. Faço o casamento e a seguir faço os baptizados dos filhos. Trabalhamos com os mesmos clientes de há 20 anos, porque a família vai crescendo; primeiro foram os pais, depois os filhos e agora os netos”. No entanto, a empresária queixa-se da concorrência de fotógrafos freelancer de outras zonas do país: “O mal é as pessoas que andam a fotografar, que vêm de todo o lado, de Lisboa e do Porto. Não têm casas abertas, mas fazem as reportagens e as pessoas, muitas vezes até ficam desiludidas, porque não têm a quem recorrer. E muitas vezes só dão as fotografias em suporte digital e depois as pessoas têm de as mandar fazer”.
Maria de Jesus tem clientes na região da Guarda e também fora. “Faço trabalho em todo o lado. Por exemplo, agora tenho um casamento marcado para Penalva do Castelo. Já tinha feito o casamento dos pais e agora vou fazer o da filha”. Explicou que no dia-a-dia está sozinha no estabelecimento, mas quando precisa de ajuda leva alguém e, por vezes, também acolhe estagiários. A empresária também faz reportagens em vídeo, mas com o aparecimento da fotografia digital, os clientes preferem mais os álbuns digitais, mas sublinha que tem casamentos marcados com vídeo e “festinhas de Natal e de fim de ano dos colégios”. O estabelecimento também faz reportagens de eventos, sendo as últimas relacionadas com a Paixão de Jesus, segundo São Mateus, realizada na Guarda, no dia 9 de Abril, e a Via Sacra ao Vivo em Amoreira do Côa, no concelho de Almeida.