José e Lurdes Rocha têm exploração na zona de Celorico da Beira


O casal José e Lurdes Rocha, residente em Celorico da Beira, dedica-se à horticultura e abastece anualmente vários mercados da região com as mais diversas plantas para transplante nas hortas. Nas duas quintas que o casal possui na área urbana da vila de Celorico da Beira (Quinta Castelo Branco e Quinta do Cerrado) existem alfobres de cebolo, pimentos, tomates, repolhos, couve galega, couve para caldo verde, couve coração de boi, couve bacalã, couve lombarda, couve de Natal, beterrabas para animais e para saladas, alfaces, pepinos, courgettes, beringelas, melancias, melões, entre muitas outras espécies hortícolas. José Rocha, de 60 anos, que também desempenha há 12 anos as funções de presidente da Junta de Freguesia de Celorico da Beira (actual União de Freguesias de São Pedro, Santa Maria e Vila Boa do Mondego), contou ao Jornal A GUARDA que é horticultor desde criança, pois a actividade já era desenvolvida pelo seu pai. “Há cerca de 70 anos o meu pai e a família abastecia o mercado da Guarda, de Gouveia e de Fornos de Algodres. Iam para todo o lado com os burritos e com os cavalos, pois não tinham transportes como agora”, lembra. Actualmente, dos viveiros dos terrenos da família Rocha, onde se inclui uma estufa de grandes dimensões, com 240 metros quadrados, saem diariamente plantas que são transplantadas nos terrenos agrícolas de muitos habitantes do distrito da Guarda. As plantas, semeadas pelo método tradicional e com sementes de produção própria, o que “dá garante de qualidade”, segundo José Rocha, são vendidas localmente a quem as procura e também nos mercados de Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Trancoso, Guarda, Aguiar da Beira, Pinhel, Pínzio e Freixedas.
Para além do casal José e Lurdes Rocha, no concelho de Celorico da Beira já só subsistem dois horticultores. “Há 40 anos tínhamos aqui cerca de 50. Hoje somos três e o mais velho tem 80 anos e ainda vende no mercado da Guarda”, disse José Rocha, que durante 44 anos também teve um comércio na vila onde trabalhou com a esposa, Lurdes Rocha, de 59 anos. Com o fecho do comércio, há cerca de 5 anos, a mulher ficou desempregada e utilizou o dinheiro do subsídio de desemprego para criar a empresa de produtos hortícolas, que tem o seu nome, juntando-se ao marido que também já estava ligado à actividade. Para além de ter trabalhado 17 anos no comércio da família, a agora empresária agrícola também trabalhou 13 anos ao balcão de uma pastelaria. “Eu gosto muito daquilo que faço. Sinto-me muito melhor agora e não trocava isto por nada. O convívio com as pessoas nos mercados é diferente, andar ao ar livre ou estar fechada oito horas, não tem nada a ver”, disse Lurdes Rocha ao Jornal A GUARDA. A empresária agrícola referiu que também gosta de assistir ao ciclo produtivo das plantas nos viveiros, desde a sementeira até ao momento que vão para as mãos dos compradores e seguem para os mais diversos locais. “Aqui, as sementes são semeadas à mão e as ervas também são arrancadas à mão”, não tem nada a ver com os métodos mecanizados das empresas da concorrência, referiu. No entanto, a mulher vaticina que o sector hortícola possa, daqui a uns anos, acabar em Celorico da Beira, por falta de pessoas que lhe dêem continuidade, pois “não estou a ver ninguém que possa continuar com o alfobre”. Por agora, garante que nos seus viveiros agrícolas “não se passa frio”, porque “há sempre que fazer”. “Temos muita clientela, graças a Deus, e não temos mãos a medir”. O marido acrescentou que quem compra as suas plantas hortícolas só tem tecido elogios à sua qualidade. “Queixas nunca tive, mas os elogios chegam-nos a toda a hora, o que nos deixa muito contentes. Umas pessoas disseram-me que um senhor já teve uma couve de Natal que dois homens não a abarcavam. É também isto que nos deixa satisfeitos”, disse.