Na sessão solene do Dia da Cidade da Guarda


“Enquanto no país não mudarmos os critérios que presidem à criação dos serviços, e que presidem ao que quer que seja, os territórios do Interior vão sair sempre a perder” disse Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, na Guarda, durante a sessão comemorativa do Dia da Cidade.
Ana Abrunhosa considerou necessário “alterar os tradicionais critérios que levam à criação de tribunais, que levam à ampliação de centros de saúde, escolas, porque não há desenvolvimento do Interior enquanto forem estes os critérios a presidir às decisões políticas”.
Considerou que para a criação de serviços o critério considerado tem sido o critério da população.
Referiu a importância de medidas como a redução das portagens nas auto-estradas e dos impostos para as famílias e para as empresas, mas afirmou que é olhando para cada território, tendo em conta as suas especificidades que se consegue alterar com o actual estado das coisas.
Disse acreditar que a transformação, a revitalização destes territórios, tem que ter como âncora as cidades como a Guarda, isto sem esquecer os territórios rurais, para os quais defendeu projectos concretos”.
No início da sessão a Ministra da Coesão Territorial foi confrontada com algumas inquietações levantadas pela presidente da Assembleia Municipal. Cidália Valbom considerou um desrespeito e uma provocação às gentes do interior quando “um Ministro da Saúde diz que não precisamos da segunda fase do hospital da Guarda”, ou um Secretário de Estado refere que “a energia para o interior deveria ser mais cara, afirmando (sem se rir) a benesse que nos dá por manter o mesmo preço do litoral”, ou uma dirigente partidária afirma que “o interior não precisa de barragens”.
Cidália Valbom pediu “uma imprensa livre que dê eco destas nossas preocupações”.
A Presidente da Assembleia Municipal adiantou que “os territórios do Interior sofrem de constrangimentos múltiplos que penalizam o equilíbrio do todo nacional. Dificultam a atracção de investimento, não permitem reter talentos e em consequência favorecem o despovoamento”. E acrescentou: “Há uma clara e exacerbada litoralização dos centros de decisão”.
Cidália Valbom considerou ainda que “não se pode olhar com indiferença, e sem agir, para a constante diminuição dos representantes dos círculos eleitorais do interior, mesmo enquanto se mantiver a actual lei eleitoral”. No seu ponto de vista, com o actual sistema “o interior perde representação, enquanto os círculos metropolitanos ganham, sem que o nosso sistema eleitoral consiga, instituir mecanismos, que garantam uma maior democraticidade, também na representação territorial”.