Dakar 2023: quem vai ganhar?


Tudo sobre o Dakar 2023, uma prova que terá vários galos para a vitória e chega à 45ª edição com um novo percurso pelo deserto da Arábia Saudita entre os dias 31 de dezembro e 15 de janeiro. Os pilotos vão enfrentar 9.549 quilómetros de prova, dos quais 4.706 km contra o cronómetro. Incluindo uma incursão pelo “Empty Quarter” um enorme mar de dunas com 650 quilómetros quadrados que faz parte do deserto arábico e cujo nome é Rub’al Khali. Quanto à presença portuguesa far-se-á sentir com 17 lusitanos na lista de inscritos.
O Dakar 2023 assinala, também, o arranque da segunda temporada do Campeonato do Mundo de Todo-o-Terreno (W2RC) juntando, uma vez mais, os concorrentes ao Dakar Classic um contingente com cerca de 100 veículos.
Esta edição vai começar com os concorrentes a arrancarem das praias do Mar Vermelho, atravessar o Vale do Dewasir e depois algumas montanhas para descerem até ao “Empty Quarter”, onde vão passar três dias no verdadeiro mar de dunas. Depois segue-se a viagem até Damman no Golfo Arábico, onde termina a prova. É o percurso mais longo desde 2014 e a organização promete ser uma prova dura e complicada até para os... mestres! Como habitualmente, haverá um dia de repouso a meio da prova, mas os concorrentes vão enfrentar uma média de 450 km por etapa. Referir que o W2RC 2023 terá, ainda, o Abu Dhabi Desert Challenge (25/02 a 02/03), Sonora Rally México (22 a 28/4), Desafio Ruta 40 Argentina (26/08 a 01/09) e o Rali de Marrocos (12 a 18/10).
Para Portugal, será mais uma edição com muitos pilotos e navegadores a aventurarem-se pelas pistas sauditas. Nas motos são cinco os elementos do contingente nacional. Joaquim Rodrigues Jr. e Sebastien Buhler (um alemão cada vez mais português) vão estar aos comandos das Hero oficiais. Rui Gonçalves volta a fazer parte da equipa oficial Sherco, enquanto António Maio (Yamaha) e Mário Patrão (KTM) utilizam as suas estruturas. No caso de Mário Patrão, está inscrito na categoria “Original by Motul” pelo que terá, apenas, um malão de metal que será levado pela organização de etapa para etapa. Nos automóveis não temos nenhum piloto português. Porém, Paulo Fiúza (ao lado de Vaidotas Zala num Hunter) e José Marques (ao lado de Gintas Petrus num Chevrolet), vão carregar a bandeira nacional.
Por outro lado, nos SSV teremos Pedro Bianchi Prata e Fausto Mota a navegar pilotos brasileiros, respetivamente, Bruno Conti de Oliveira (BRP Can-Am) e Cristiano Batista (BRP Can-Am). Armando Loureiro será navegador do camião MAN do francês Sebastien Fargeas. Ao volante do camião Iveco do Team Boucou estará José Martins.
Depois, nos SSV teremos o regresso de Hélder Rodrigues. O piloto português que por duas vezes esteve no pódio das motos (3º em 2011 e 2012) e terminou sete vezes entre os cinco primeiros, deixou o lugar ao lado de Ruben Faria na direção da equipa Honda (que ganhou em 2020 e 2021) e regressa à ação. A seu lado no Can-Am terá Gonçalo Nunes.
Paulo Oliveira, apesar de correr com licença moçambicana, levará as cores de Portugal e um espanhol (Miguel Alberty) no seu Can-Am Maverick. Destaque maior para a presença de dois campeões nacionais de Todo-o-Terreno: Ricardo Porém e João Ferreira. Ambos vão estar ao volante de modelos da Yamaha, o primeiro tendo a seu lado o argentino Augusto Sanz, o Campeão Português e Europeu de Todo-o-Terreno terá a seu lado o muito experiente Filipe Palmeiro.
A Toyota vai inscrever três Hilux T1+ para Nasser Al-Attiyah/Mathieu Baumel, Giniel de Villiers/Dennis Murphy e Henk Lategan/Brett Cummins. A Audi Sport tem um tridente de respeito: Stephane Peterhansel/Edouard Boulanger, Carlos Sainz/Lucas Cruz e Mattias Ekstrom/Emil Bergvist. Do lado da Prodrive, os BRX Hunbter terão ao volante Sebastien Loeb/Fabien Lurquin e Orlando Terranova/Alex Haro Bravo, juntando-se o carro de Vaidotas Zala navegado por Paulo Fiúza.
No lado da X-Raid, Jakub Przygonski/Armand Monleon e Sebastien Halpern/Bernardo Graue. Referência ainda para Lala Sanz/Maurizio Gerini e Andrea Lafarja/Ashley Garcia Chavez, duas senhoras que vão estar, respetivamente, ao volante de um Astara Proto e de uma Toyota Hilux Overdrive.
Quanto a favoritos, claramente os homens da Audi e da Toyota. Peterhansel continua veloz e tem no bolso 14 vitórias (5 nas motos e 7 nos carros) a mais recente em 2021. Por outro lado, o vencedor de 2022, Nasser Al-Attiyah, está na linha da frente para mover perseguição aos Audi onde Carlos Sainz pode ser um Ás de trunfo, tal como Ekstrom que já venceu tudo e mais alguma coisa (DTM, WRX, Corrida dos Campeões, etc.). Os BRX Hunter terão de provar maior fiabilidade, mas as exibições mais recentes de Loeb – acaba de se sagrar campeão da Extreme E – com o Hunter deixam... água na boca! Pode acontecer a primeira vitória do francês no Dakar.
Dizer que em termos de regras, acaba a obrigatoriedade de 20 minutos de pausa nas zonas de reabastecimento para os carros das categorias T1 e T2, podendo, apenas, fazer uma curta pausa técnica. Os carros das categorias T3 e T4 vão manter a obrigatoriedade de paragem durante 20 minutos. Tudo porque ao invés de usar a pausa para recuperar forças, as equipas usavam-na como ferramenta estratégica ao obter informações sobre a performance dos adversários.
Nas motos, as coisas vão ser bem diferentes. Desde logo porque vai haver dois percursos nas especiais (A e B) o que significa que nem todos estarão no mesmo percurso. Por outro lado, há um sistema de bónus para os mais velozes. Tentando não prejudicar o piloto que vence uma etapa e no dia seguinte abre a estrada, este sistema de bónus é dado a cada ponto intermédio (waypoint) e na paragem para reabastecimento (a cada 200 km em média). Qual é o bónus?
Para o primeiro, 1,5 segundos por quilómetro. Como? Se o piloto que abre a estrada cumpre 200 km receberá 300 segundos (5 minutos de bónus), o segundo classificado 1 segundo/quilómetro, ou seja, 200 segundos (3m20s) e o terceiro 0,5 segundos/quilómetro, qualquer coisa como 100 segundos (1m40s).
Por outro lado, quem já ganhou provas ou foi piloto profissional em alguma altura da sua carreira já não pode se inscrever na classificação “Original by Motul”, ou seja, os pilotos que fazem a prova apenas com um malote de alumínio transportado pela organização. Os antigos vencedores da categoria também não se podem inscrever.
O vencedor de 2022, Sam Sunderland é candidato a repetir a vitória com a sua GasGas, mas logo ao lado está a KTM. As duas marcas estão debaixo do mesmo teto, mas na parte laranja estão quatro vitórias no Dakar entre Toby Price (2), Mathias Walkner e Kevin Benavides (1 cada). Veremos o que pode fazer Joan Barreda Bort com a sua equipa e o que os portugueses da Hero podem contra o poderio da KTM.
A Kamaz não vai estar presente no Dakar e por isso a luta pela vitória nos camiões vai ser muito mais interessante. Os Iveco ganham protagonismo lado a lado com os Praga e os Tatra. Os camiões italianos vão ter Victor Versteijnen e Janius Van Kasteren como destaques, não esquecendo Martin Macik, a Tattra conta com Jaroslav Valtr e a Praga com Ales Loprais.
Nos SSV, os destaques terão de ir para Francisco “Chaleco” Lopez,. Cristina Gutierrez, Seth Quintero e Mitchj Guthrie Jr. Não esquecer que na edição 2022, Quintero venceu 11 especiais, um recorde no Dakar.