Música


A banda 5ª Punkada, grupo de punk rock composto por membros da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APPC de Coimbra), vai actuar no Pequeno Auditório do Teatro Municipal da Guarda, este sábado, dia 19 de Fevereiro, a partir das 21.30 horas.
Após o bem sucedido lançamento do disco, na recta final de 2021, a banda está neste momento a circular pelo país, dando concertos de apresentação em salas de espectáculo e propondo assim novas ideias de integração e inclusão também através da música.
Os 5ª Punkada são uma banda composta por 5 elementos da APPC de Coimbra, 4 dos quais com deficiências motoras e cognitivas.
Esta banda, recorrendo a instrumentos convencionais e outros adaptados, compõe e interpreta temas originais e que tem sonhos comuns a muitas outras bandas - gravar um disco ou fazer uma digressão. Dois dos seus elementos são pessoas com deficiência mental e outras duas com paralisia cerebral - um grupo de desordens no desenvolvimento do controlo motor e da postura, que podem originar uma incapacidade motora grave.
Fausto Sousa nasceu para compor música, escrever letras, cantar e tocar, mas quem o vê na sua cadeira de rodas, com a paralisia cerebral a tomar conta dele, dificilmente imaginaria que ele conseguiria fundar uma banda. Mas, com muito trabalho e com o espírito mais punk que pode haver, Fausto prova o contrário há já quase três décadas, quando fundou este projecto. Desde 2008, é acompanhado nesta aventura por Fátima Pinho, teclista (que integra também a orquestra de samples “Ligados às Máquinas”, também na APCC) e é uma espécie de referência estética dos 5ª Punkada, sempre preocupada com a segunda parte do binómio ‘som + visão’. Jorge Maleiro e Miguel Duarte são os elementos mais recentes, tendo ambos entrado para a banda em 2018. Jorge, além de garantir boa disposição, tem toda a ambição das grandes estrelas rock e começou a tocar guitarra eléctrica apenas quando passou a integrar o grupo, mas hoje já fala em fundar uma outra banda e talvez até em ter uma carreira a solo. Miguel é o mais novo dos quatro e o optimista de serviço, discreto q.b. mas seguro de como quer fazer as coisas.
Mesmo existindo vários exemplos de jovens e adultos com estas características que conseguem encontrar na música um instrumento para a sua participação social e artística, são raros os exemplos de bandas em que estejam integrados.
Todos nós temos dificuldades, as deles são apenas um pouco mais acentuadas mas não há nada que a música não esbata. E os elementos dos 5ª Punkada têm muitas diferenças e muitas especificidades, a começar por uma diferença etária de mais de 20 anos (dos 22 do baterista Miguel aos 56 da teclista Fátima) mas, quando se juntam horas a fio na sala de ensaio sentem-se iguais.
Ao abrigo de uma candidatura da APCC co-financiada pelo INR, IP a equipa da Omnichord montou, durante algumas semanas, um estúdio de gravação na Quinta da Conraria (espaço da APCC onde os utentes estão diariamente) num processo conduzido pelo produtor Rui Gaspar (dos First Breath After Coma), mediado pelo musicoterapeuta Paulo Jacob (da APCC e membro dos 5ª Punkada) e com as colaborações de Surma e de Victor Torpedo.