No dia 13 de Janeiro, em Coimbra


“Parlatório” é o novo disco de poesia sonora de Américo Rodrigues, que vai ser apresentado no dia 13 de Janeiro, no Salão Brazil, em Coimbra, pelo antropólogo e doutorando em Materialidades da Literatura Nuno Miguel Neves.
O novo trabalho de Américo Rodrigues baseia-se em conversas com sete presos, mas não é um disco documental. “Há um ano entrevistei demoradamente sete reclusos para que me contassem a sua história de vida. A ideia inicial era escrever um livro com narrações daquelas mulheres e homens que estavam a cumprir pena numa prisão do interior de Portugal. Registei em vários cadernos o que de mais importante me disseram (depoimentos de grande autenticidade), sublinhando frases e ligando palavras com setas e outras anotações. O que escrevi foi aquilo que considerei ser o essencial do que ouvi. Histórias de roubos, tráficos, burlas, assaltos, dependências, traições, violências, mortes. Vidas. A partir desse material de base concebi uma peça de poesia sonora que cruza a minha vocalidade (gritos, sussurros, choros, línguas inexistentes, ruídos bucais, cantos de inspiração étnica, estalidos com a língua, terrorismo fonético, etc.) com a leitura dos apontamentos da conversa com aqueles reclusos (leitura branca, interpretação teatral, enganos, hesitações, alteração de velocidade, silêncios, amálgamas, etc.)”, explica o autor. O disco “Parlatório” foi feito em parceria com José Neves (dramaturgia do som e montagem), tendo a colaboração de Nuno Veiga (sound designer), César Prata (gravação) e Tiago Rodrigues (desenho gráfico). A edição é de Bosq-íman:os records.
A sessão de apresentação em Coimbra, a que se seguirá outra em Lisboa na Galeria ZDB, é do Serviço Educativo do Jazz ao Centro Clube. A seguir à apresentação do disco realiza-se uma mesa redonda intitulada “O que pode a arte? Acções artísticas em contexto prisional”, em que participarão Américo Rodrigues, António Dores, Daniel Maciel, Vera Silva e Paulo Lameiro.
Américo Rodrigues é poeta, actor, encenador e programador cultural. É autor de vasta obra naqueles domínios. No campo da poesia sonora editou os discos “O despertar do funâmbulo”(2000), “Escatologia” (2003), “Trânsito local, trânsito vocal”, com Jorge dos Reis (2004), “Aorta tocante” (2005 ), “Cicatriz:ando” (2011), “Porta-voz” (2014) e, agora, “Parlatório” (2018). Tem apresentado performances de poesia sonora e fonética, e de improvisação vocal, em várias partes do mundo.