Guarda
A aluna Maria Margarida Madeira, do 12º E da Escola Secundária Afonso de Albuquerque, na Guarda, faz parte da antologia anual de poesia de 2016, publicada pela Chiado Editora.
De acordo com o antólogo Gonçalo Martins, a constante organização de cada edição tem um objectivo: “quando dentro de vinte anos alguém questionar o que era a poesia portuguesa de há vinte anos atrás, a antologia será, por si mesma, a resposta ideal. No meio do milhar de autores participantes, integro uma pequena parte de mim na resposta a essa pergunta”.
A Antologia de Poesia Contemporânea (Entre o Sono e o Sonho) da Chiado Editora já está à venda.
Poema de Maria Margarida Madeira, publicado pela Chiado Editora:
Ciano, que gosta de ser o começo.
O tom inocente que faz os inocentes despertar,
e que não me dá inocência suficiente
para conhecer o seu verdadeiro perfume.
Como pode esse azul, de tão pouco mistério,
ter tanto a esconder?
Infinitos pontos de partida,
todos do mesmo tom,
que evoluem para infinitos desfechos,
todos igualmente diluídos em breu.
E como pode esse breu, de tanto mistério,
ter escondido tão pouco?
Gosto de ouvir o que a chuva tem a dizer sobre os tons que a deixam cair.
A escuridão só exalta os que sabem
que têm um começo pela frente,
e o começo só não exalta
porque chega sempre em tons de ciano.
O tom traidor que desperta os inocentes,
porque lhes mente com o ar de quem jura,
e jura tudo aquilo que mente.