Suspeito de homicídios em Aguiar da Beira foi presente ao Tribunal da Guarda


O alegado homicida de Aguiar da Beira, que na terça-feira, dia 8 de Novembro, se entregou à Polícia Judiciária (PJ), vai aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva. A medida de coacção determinada pelo juiz de instrução criminal do Tribunal da Guarda, onde foi presente do dia de quinta-feira, dia 10 de Novembro, foi justificada pelo perigo de fuga. Isabel Mota, escrivã da instância local cível do Tribunal da Guarda, leu uma nota onde explicou que a medida de coacção foi justificada “dado o elevado perigo de fuga, continuação da actividade criminosa, perturbação do inquérito” e “alarme social”. O homem, de 44 anos, está acusado da alegada autoria material de dois crimes de homicídio qualificado, três de homicídio qualificado na forma tentada, três de sequestro e um de roubo.
Os advogados do suspeito, Mónica Quintela e Rui Silva Leal, anunciaram que vão recorrer da decisão para o Tribunal da Relação de Coimbra. “O despacho da aplicação das medidas de coacção foi lido, ainda não temos acesso a ele em suporte físico, em suporte de papel, nem em qualquer tipo de suporte, portanto, quando tivermos acesso ao despacho, depois, no seu tempo certo e na sede própria, iremos enquadrar e recorrer desse despacho”, disse aos jornalistas a advogada Mónica Quintela. O advogado Rui Silva Leal afirmou, à saída do Tribunal, que tem esperança na reversão da medida decidida. “Quando recorremos, não recorremos em vão, é porque entendemos que temos razão”, disse, explicando que a defesa tem “30 dias para interpor recurso” e o Ministério Público tem 30 dias para responder ao recurso, “depois sobe ao Tribunal da Relação” e “há mais 30 dias para decidir”. “Começa hoje uma caminhada longa”, referiu Mónica Quintela, dizendo esperar “que se faça justiça para todas as pessoas envolvidas”.
O arguido saiu do Tribunal para o Estabelecimento Prisional da Guarda às 21.00 horas, por uma porta nas traseiras, ao contrário do que tinha acontecido à entrada, quando então acedeu ao edifício pela entrada principal. No final do interrogatório, Mónica Quintela referiu ainda que Pedro Dias não prestou declarações, mas “está tranquilo de que se possa fazer justiça”. “A única coisa que podemos dizer é que o arguido se remeteu ao silêncio e que quando a defesa tiver acesso integral aos autos, o arguido falará na sua devida altura”, declarou.
O suspeito de um duplo homicídio em Aguiar da Beira entregou-se no dia 8 de Novembro à PJ, em Arouca, num acto testemunhado pela RTP e pelo Diário de Coimbra. Pedro Dias estava desaparecido desde o dia 11 de Outubro, data em que dois militares da GNR foram atingidos a tiro, em Aguiar da Beira. Um morreu e um outro ficou ferido. Na mesma madrugada, um homem morreu e a mulher ficou gravemente ferida, também alvejados a tiro, na viatura em que seguiam.
O momento da apresentação de Pedro Dias ao juiz de instrução criminal do Tribunal da Guarda foi testemunhado por vários habitantes da cidade da Guarda, que durante o dia de quinta-feira, dia 10 de Novembro, se concentraram em frente das instalações. No momento em que o suspeito entrou no edifício do Tribunal, alguns dos presentes gritaram “assassino”.