Presidente da associação fala em prejuízos de três milhões de euros


Nos baldios de Folgosinho, no concelho de Gouveia, no incêndio que atingiu o parque Natural da Serra da Estrela, durante o mês de Agosto, “ardeu praticamente tudo o que não tinha ardido em 2017”. Hugo Teixeira, presidente dos Baldios de Folgosinho e também coordenador municipal da protecção Civil da Câmara de Gouveia explicou que “em cinco anos passamos de uma área que tinha um valor patrimonial avaliado em mais de seis milhões de euros para, em 2022, termos praticamente um património florestal que vale zero”. E acrescentou: “ Não digo zero, pois há madeira ardida que é necessário retirar, mas ficamos com a sustentabilidade da própria associação em causa. Temos 5 postos de trabalho e será necessário esperar mais 20 ou 30 anos para ter alguma receita do baldio”.
Recorde-se que o incêndio deste Verão destruiu 800 hectares de madeira, avaliada em 1,6 milhões de euros e 350 hectares de áreas que foram arborizadas nos últimos dez anos, onde foram investidos cerca de 750 a 800 mil euros.
Hugo Teixeira adiantou que, nos últimos 10 anos, foram investidos 2,5 milhões de euros, com apoios do Quadro comunitário, quer em limpezas, quer em reflorestação”. E acrescentou: “arborizámos cerca de 350 hectares que foram completamente destruídos neste incêndio”.
Este responsável disse que no Parque “há muita área que é gerida” e apontou o caso dos baldios de Folgosinho onde se tem apostado “na arborização, na limpeza, nas faixas de gestão de combustível e nas redes secundárias e primárias”. Lembrou as alterações climáticas pois “neste incêndio arderam as resinosas e as folhosas; arderam os povoamentos de azinheiras, os povoamentos de carvalhos…”. E acrescentou: “Esta é uma parte que nos desanima enquanto Associação de Baldios porque vimos o nosso trabalho, feito nos últimos 15 anos, ir embora”
Hugo Teixeira adiantou que os 300 ou 400 mil euros que a associação venha a receber da venda de madeira será insuficiente para “arborizar mil e tal hectares que arderam agora neste incêndio” e a área que ardeu no incêndio de 2017.
Em relação à retirada de madeira da área ardida, explicou que já reuniu com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas para se inteirar da forma como será feita a hasta pública. Hugo Teixeira referiu que “se até ao final de Outubro não puser a hasta pública na rua, para venda dessa madeira, o Conselho Directivo dos Baldios de Folgosinho irá fazer a hasta pública e em vez de ser o Estado a dar-nos os 60% da receita, somos nós que entregaremos os 40% ao Estado”. Perante o actual estado de calamidade considerou que “não podemos estar mais do que dois meses sem fazer a hasta pública. É tempo demasiado. A madeira começa a perder qualidade. Vem aí o inverno e, além disso, precisamos urgentemente de por as medidas de estabilidade e emergência na rua, no terreno. E os dois meses é o tempo limite para que a gente possa fazer alguma coisa”.
Hugo Teixeira lamentou a demora na análise das candidaturas que a Associação tem apresentado aos fundos comunitários. “Tínhamos apresentado do conjunto de Baldios de que faz parte Folgosinho, Videmonte, São Pedro e Santa Maria (Manteigas) e São Paio (Gouveia) uma candidatura de meio milhão de euros e, só agora, depois do incêndio, é que veio a candidatura aprovada, mas 667 hectares já arderam”.
Para Hugo Teixeira “os nossos governos, a nossa administração central tem de ser um bocadinho mais ágil na elaboração e na análise das candidaturas” caso contrário “continuamos com a mesma situação que tivemos em 2017”.