Protesto realizado na Guarda


Cerca de 150 habitantes de Manteigas manifestaram-se na segunda-feira, dia 15 de Junho, na cidade da Guarda, contra as obras que decorrem na Estrada Regional (ER) 338 que faz a ligação com os Piornos, no maciço central da Serra da Estrela, e contra o facto de a via estar fechada durante as obras que decorrem até ao mês de Setembro. A população reivindica o alargamento da estrada, refuta os trabalhos de requalificação em curso e defende que o trânsito circule durante a execução da obra.
Durante o protesto, que decorreu no centro da cidade, entre a Igreja da Misericórdia e a Escola de Santa Clara, e também na Guarda-Gare, junto da sede da delegação da Infra-estruturas de Portugal (IP), os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Manteigas diz não a esta solução”, “Queremos uma ER 338 condigna” e “Remendos não, soluções sim”, entre outras, e exibiram cartazes com as mensagens “Desviados do Mundo”, “Façam um projecto decente na EN 338. Poupem dinheiro”, “Socorro! Manteigas está a morrer”, “Manteigas está de luto”, “Estradas de Portugal deu uma facada no coração da Serra da Estrela”, “Estão a matar-nos” e “Não pedimos Itinerário Principal nem Itinerário Complementar. Uma estrada digna? É pedir muito?”.
Luís Melo, porta-voz da Comissão de Munícipes Indignados de Manteigas entregou, na Gestão Regional Guarda Castelo Branco da IP, uma carta aberta dirigida ao presidente do Conselho de Administração da empresa, na qual é explicada a situação, é manifestado o descontentamento e é solicitada “uma solução para o problema da 338”. “Ou o alargamento, que é aquilo que em primeiro lugar desejamos e que é aquilo que nos foi prometido e é aquilo que deveria ser feito, ou em última análise, se isso não for possível, uma solução alternativa é com uma via ascendente e outra com uma via descendente”, explicou. Na carta, os habitantes lembram que o encerramento da estrada por quatro meses ditará “o fim de algumas pequenas estruturas hoteleiras de Manteigas que vivem do aporte de turismo pela ER 338”, adiantando que já são visíveis os prejuízos causados aos empresários locais. Também exigem “ser servidos por uma estrada condigna e com perfil que permita uma fluidez de trânsito de pesados e ligeiros sem constrangimentos e com todas as condições de segurança”. “Não podemos ser tratados como portugueses de segunda”, deixam claro no documento.
A população espera que a reivindicação seja satisfeita pois, caso contrário, segundo Luís Melo, o descontentamento não ficará por aqui: “Estamos a equacionar dirigir-nos ao Parlamento e fazer uma manifestação também em Lisboa. Esperemos que não seja preciso, mas se for preciso lá iremos”.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Manteigas, José Manuel Cardoso, também presente no protesto, adiantou que na passada sexta-feira já deu entrada, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco, uma providência cautelar para “cessar o andamento” das obras na ligação Manteigas-Piornos, que também são contestadas pela autarquia.