Na etapa de vida em que me encontro, dou mais valor à espiritualidade do que à amizade, às relações eclesiais mais do que pessoais.
Santo Inácio de Antioquia, cuja memória hoje se celebra, tece considerações belíssimas e de valor perene acerca da comunhão dos cristãos, e dos presbíteros em particular, com o bispo. Transcrevo duas. “O presbitério sintoniza com o bispo da mesma forma que as cordas de uma harpa. Com vossos sentimentos unânimes, e na harmonia da caridade, constituís um canto a Jesus Cristo”…“Tenhamos cuidado, portanto, para não resistirmos ao bispo, a fim de estarmos submetidos a Deus” (Inácio de Antioquia, Carta aos Efésios, 4 e 5).
Duas coisas sagradas e imprescindíveis: caridade e obediência a Deus.
Conheci D. Manuel Felício sendo eu seminarista e ele padre, meu excelente professor em Viseu, no Instituto Superior de Teologia. Tendo sido ordenado por Dom António dos Santos, o Padre Felício fez questão de estar presente na missa da minha ordenação de Presbítero, em Junho de 2002. Este início de relação e os anos que se seguiram como bispo da Guarda, foram construindo uma relação de proximidade e confiança. Mas mais importante do que isso. Sou consciente e grato a Deus porque o D. Manuel é o bispo que me acompanha há 20 anos, o instrumento de que Deus se tem servido para fazer a sua vontade, o elo imprescindível para procurar viver uma “amizade sacramental”, muito além de sentimentos e simpatias humanas, num tempo e numa Igreja que precisam tanto de fé, paz e concórdia.
Padre Paulo Figueiró – Reitor do Seminário da Guarda