Na Sessão Solene do dia da Cidade

“Vamos fazer das nossas estradas caminhos de regresso e não de constante partida” disse Álvaro Guerreiro, no discurso de elogia à Guarda, na sessão solene que assinalou os 822 anos do Foral atribuído por D. Sancho I, à cidade. Depois de enumerar algumas notas sobre a Guarda deixadas por José Saramago, Vergílio Ferreira e Eduardo Lourenço, lembrou que “a situação privilegiada da Guarda enquanto cidade fronteiriça, fez dela importante porta de saída para os países ricos da Europa”.“Seguindo o caminho de tantos e tantos guardenses, também Eduardo Lourenço deixou a que ele apelida como ‘a mais pequena cidade do interior’ e partiu primeiro para Lisboa e depois para França que adoptou como segunda pátria”, disse Álvaro Guerreiro. E acrescentou: “Daqui saíram os homens que ajudaram a construir grandes metrópoles e as mulheres que aceitaram trabalhos precários, duros e mal pagos sem nada exigir, antes oferecendo esforço, dedicação e empenho”. Álvaro Guerreiro enumerou, de seguida, as profundas alterações do concelho da Guarda, após o 25 de Abril. “As aldeias passaram a beneficiar de infra-estruturas básicas que inexistiam; a Guarda, então praticamente reduzida ao seu centro urbano, expandiu-se com a ligação do ancestral casco urbano à Guarda Gare; o associativismo … surgiu com novas dinâmicas agregadoras das populações, em volta de projectos locais e outros, sectoriais; a intervenção cívica e institucional gerou e potenciou poder reivindicativo da melhorai das condições de vida, individual e colectiva; novas instituições geraram oportunidades até então inexistentes; as políticas ambientais passaram a prioridade; o empreendedorismo expandiu-se, com instalação de novas infra-estruturas; o ordenamento do território passou a ser regulamentado pelo PDM; a rede viária municipal sofreu profundas melhorias; outros equipamentos foram construídos e colocados ao serviço das populações nas mais diferentes áreas”. Considerou que “hoje temos uma cidade e um concelho que oferece uma reconhecida qualidade de vida”. Apontou o cientista Rui Costa como exemplo da diáspora do seculo XXI, “agora já não como força de trabalho indiferenciado e mal remunerado, mas gente altamente formada e especializada com atractivas e desafiadoras propostas de vida”.  Para inverter a tendência da fuga disse que é necessário “exigir aos Governos Centrais a responsabilidade da coesão territorial”.  Lembrou que “o futuro há-de fazer-se com o trabalho de cada um e com o esforço de todos”.