Presidente da Câmara Municipal de Almeida: António José Monteiro Machado
A GUARDA: O Município de Almeida esteve presente na FITUR 2023- Feira Internacional de Turismo em Madrid. O que leva o município a apostar neste tipo de eventos?
António José Machado: Nós temos uma estratégia de promoção do nosso território e, em bom tempo, foi criado o Consórcio entre Almeida e Cidade Rodrigo, um Consórcio de cidades amuralhadas. Nós temos ido às feiras internacionais de forma conjunta e fazemos essa divulgação: “dois países um destino”. Fazemos a venda, nas feiras, dos dois países mas como um produto único. Ligamos muito à parte do património, mas não só. Também promovemos a gastronomia e todas as valências que cada um tem no seu território de forma conjunta. Sentimos que o retorno principal, na presença das feiras espanholas, se traduz no aumento de visitantes em Almeida. Conseguimos ter uma noção e uma medição maior imediatamente a seguir à presença nessas feiras.
O mercado de Madrid, da cidade, é um mercado muito importante, pois é aquele que tem um poder aquisitivo maior e é aquele que sai ao fim-de-semana regularmente. Muitos deles vêm para esta zona de Castilla y León, para Salamanca e alguns aproveitam para visitar as duas fortalezas, os dois destinos, de um projecto comum.
A GUARDA: Então há uma forte ligação com Ciudad Rodrigo na promoção destes territórios de fronteira?
António José Machado: Sem dúvida que este é um projecto ganhador, que vamos continuar trabalhar. É para continuar.
A GUARDA: Como está o dossier da candidatura das “Fortalezas Abaluartadas da Raia” a Património Mundial da UNESCO?
António José Machado: Nós, há cerca de dois anos, fizemos a entrega do dossier que tínhamos naquela altura. A candidatura envolvia Elvas, Marvão, Almeida e Valença. Fizemos a entrega e, nesse período da entrega, o município de Elvas, que já é Património da Humanidade, achou que poderia correr o risco de perder a classificação que tinha e poder ganhar uma nova e não quis continuar na candidatura, por esse efeito. Mas se a comissão nos impeliu a trabalharmos em conjunto, é porque faz sentido.
Não quer dizer que, mais tarde, se a candidatura for vencedora, não a possa vir a integrar. Mas Elvas saiu. Isso obrigou-nos a refazer o dossier e a voltar a fazê-lo mais direccionado para os três locais. Mas o dossier é a linha defensiva da fronteira portuguesa, de norte a sul do País, onde fazemos uma tentativa de candidatura em série. Aqueles que vão à frente são estes municípios que estão a fazer a candidatura e ficará aberta aos restantes municípios, aos restantes sítios que tenham fortalezas abaluartadas poderem entrar numa fase seguinte. Ainda queremos que ela seja transnacional para a possibilidade das fortalezas que fazem de imagem às fortalezas portuguesas, nomeadamente no nosso caso aqui com Ciudad Rodrigo e com o Fuerte de la Concepción poderem entrar também numa fase seguinte.
Nós entregámos o dossier já refeito e, quer a análise da Comissão dentro da Associação Nacional de Municípios, quer a análise feita pela própria Comissão foi muito positiva. Deixou-nos algumas questões para melhorarmos, nomeadamente o Plano de Gestão, a condução do texto em si, para podermos dar uma nova abordagem. Obrigou-nos neste tempo de pandemia e pós pandemia de fazer este trabalho. Em finais de Setembro, início de Outubro de 2022, esse trabalho foi concluído e pedimos duas audiências. Foram as duas audiências principais que fizemos. Estávamos em dívida com o Presidente da República. Ele interessou-se na primeira fase do projecto, quando esteve aqui em Almeida para a inauguração de um dos Cercos e também para a inauguração do Memorial de Vilar Formoso. Levámos este novo dossier ao senhor Presidente da República. Mostrou-se um conhecedor muito grande do nosso projecto. Estava muito bem informado, muito conhecedor desse projecto.
Mas também entregámos o dossier na Comissão Nacional. Pediram-nos mais alguns elementos de que fizemos agora a entrega durante o mês de Dezembro e Janeiro. Nesta fase estamos a aguardar que haja outra vez a reunião do Conselho para poder ser feita a avaliação. Estamos na expectativa de perceber o que é que vai acontecer: se é uma aprovação imediata, se é uma aprovação condicionada. O que nós gostaríamos é que fosse uma aprovação em que pudéssemos ficar na lista de sítios para poderem ser indicados. Depois dependerá do Governo Português de decidir quando nos envia o dossier para Paris.
A GUARDA: Os museus existentes no território mostram um passado histórico invejável. Qual o balanço que faz da actividade dos espaços museológicos do concelho?
António José Machado: A retoma após Covid não foi a mesma. Não chegámos ainda a números de antes do Covid. Estávamos a ter crescimento. Claro que há um crescimento que se vai notando mas os números não são muito elevados. Ainda não chegámos aos patamares anteriores. Esperemos conseguir. Vamos dar uma renovação dos temas para conseguirmos atrair mais públicos.
Nota-se um crescimento quando a temperatura é agradável, nos períodos de férias, nos feriados prolongados da parte espanhola. Nessas ocasiões há uma procura grande. Estamos é um pouco debilitados na parte de hotelaria, na parte de restauração. Necessitamos que haja essa visão por parte dos empreendedores que decidam também fazer um investimento aqui na nossa região para continuarmos a atrair público para as nossas terras.
A GUARDA: Houve a promessa da parte do Governo de que o Pavilhão de Portugal na Expo Dubai seria transferido para Vilar Formoso dando lugar a o futuro Museu da Emigração. Como está esse processo?
António José Machado: É verdade que houve a indicação da possibilidade desse pavilhão vir para Vilar Formoso. É um projecto em que houve um compromisso da parte do Governo em fazer investimento naquela zona, nomeadamente a melhoria do Parque TIR, as ligações, a melhoria do espaço do turismo e do espaço de Fronteira, da criação de uma zona de serviços e, esse pavilhão, ficou no ar essa possibilidade.
Eu, sendo consciente, sei que o pavilhão tem uma área muito grande e os custos de desmontar, montar, aplicar e depois a manutenção daquele tipo de construção na nossa zona, não é o projecto que mais me atrai. Não me importava que esse dinheiro fosse todo investido naquela zona, mas noutros projectos, noutras questões que bem precisamos.
A GUARDA: Podemos dizer que o futuro desta região passa pelo turismo?
António José Machado: O turismo não é suficiente para o território ter viabilidade. Tenho essa consciência. Também serve para podermos diversificar as actividades. No nosso concelho havia muitos serviços de fronteira, de restauração, de paragem, principalmente na zona de Vilar Formoso. Aqui em Almeida mais ligado à parte de turismo e serviços. Mas também à parte agrícola. A parte agrícola é importante para o nosso concelho. Há projectos viáveis que estão a decorrer. Há alguns jovens que se estão a fixar com projectos agrícolas.
Também temos de considerar a parte industrial, a parte de logística. Temos uma localização estratégica, a par da Guarda, do projecto do Porto Seco. Há sempre uma alternativa adjacente neste território junto à A25, de ser utilizado para essa vertente. As empresas de logística, numa zona renovada e com acessibilidades boas, podem-se localizar aqui nesta faixa que tem todas as condições para essa prática.
A área de logística, alguma indústria que também é necessária, os serviços, mas também a parte agrícola é muito importante.
A GUARDA: Disse que que para atrair pessoas também é necessário haver oferta hoteleira. Há mesmo necessidade de apostar neste sector?
António José Machado: Sim, a localidade de Almeida em concreto. Antigamente tinha a Pousada a funcionar. Com a Pousada encerrada, que já não era Pousada, era Hotel Fortaleza, assim denominada, é uma perda muito grande para a localidade. Nós necessitávamos que esse hotel fosse recuperado, houvesse um projecto viável para lá, para voltar a abrir. Mas quem diz esse diz outras possibilidades. Há alguns projectos no ar de possibilidade desse investimento. Vamos trabalhar junto com esses potenciais investidores, para poder ajudá-los o máximo possível e que as entidades também se interessem por esses projectos e possam ter a possibilidade de serem apoiados para os implementar.
Existem projectos mas, enquanto não forem realidade, não passam disso.
Em Vilar Formoso “o trânsito é feito a dois quilómetros, não passa ali naquela zona e há um decréscimo que se nota”
A GUARDA: Qual o impacto em Vilar Formoso e no concelho, provocado pela ligação entre Portugal e Espanha por auto-estrada?
António José Machado: O impacto é sempre negativo porque o trânsito que passava por Vilar Formoso, que já era tangente, criava alguns clientes de ocasião que se perderam. Eram clientes que paravam porque viam as publicidades, porque viam as casas abertas, porque abasteciam os automóveis. Todos esses deixaram de parar.
Agora aquele cliente que tem a referência de parar, porque a casa lhe oferece bons serviços, porque aquele sítio é bom, porque a estação de serviço lhe garante os serviços que pretende fazer, esse continua a passar por Vilar Formoso.
Eu tenho tido a preocupação de ir perguntando aos empresários sobre a actual situação. Aqueles empresários com projectos que são viáveis, que estão bem incutidos e que dão serviço de qualidade continuam a ter muitos clientes. São clientes que saem para utilizar os serviços em Vilar Formoso. O que é que está a acontecer: dentro de Vilar Formoso, fruto também da diminuição da população do lado espanhol e do lado português, o comércio está numa fase mais decadente e precisa de novos projectos e até de gente mais nova que também se interesse por essas actividades. Nota-se um decréscimo. Também se nota um decréscimo na procura de turistas nos nossos postos de informação. O trânsito é feito a dois quilómetros, não passa ali naquela zona e há um decréscimo que se nota.
Também do lado positivo é que alguns dos restaurantes até mantém ou até aumentaram os clientes. E esse aspecto é um lado positivo, na parte negativa de todo aquele projecto. Porque, como eu dizia, aqueles projectos que nós reivindicamos da ligação, do Parque TIR, da zona de serviços, esse sim, seria uma âncora para trazer para dentro de Vilar Formoso.
A GUARDA: Não há possibilidade de reabrir a antiga Pousada?
António José Machado: Já teve dois projectos em curso para abrir mas nenhum foi para a frente. Espero que este último que ainda continuamos a trabalhar possa ter nascimento.
A GUARDA: Mas são projectos que não estão esquecidos?
António José Machado: Não. O município fez a parte que lhe competia, estão entregues nas entidades competentes para aprovação e lançamento dos concursos para execução. Esperemos assinar com o Governo, ou melhor estamos abertos a assinar protocolos, ser o município a lançar, de continuarmos a trabalhar em conjunto. Sem o apoio do Governo é difícil para o município, a não ser que façamos endividamento para poder implementar esses projectos. Mas teremos também de ser nós, os de cá, a fazermos essa reivindicação e conseguir atrair esses projectos para a nossa zona.
A GUARDA: Há um crescente despovoamento de Almeida e da região?
António José Machado: Há um despovoamento galopante e imparável. Aquilo que está a acontecer no interior, olhando para os censos, aquilo que aconteceu de descida de 2021 para 2011 é uma descida catastrófica, mas aquela que se vai produzir nos próximos censos ainda é maior. Não há quem consiga parar esta descida. Mas também, penso que se houver alguns projectos que permitam a fixação de alguns jovens, principalmente, possa haver uma estabilização mas já com uma população muito menor que aquela que existe agora.
Nós temos uma faixa etária muito envelhecida. Aliás, no concelho de Almeida aumentou o índice de envelhecimento. Nesta faixa toda do interior está a acontecer isso. Até as cidades da Guarda e da Covilhã estão a perder população porque estavam a ganhar com a perda dos concelhos limítrofes. Agora se estes lugares estão com percentagens altas, os outros concelhos, aqui à volta, todos eles têm percentagens muito grandes de envelhecimento.
A GUARDA: Qual a importância das Termas em todo este processo de fixação de pessoas?
António José Machado: As termas são um factor muito importante. Olhamos para elas pelo cariz social e das áreas de serviço às populações e até às populações mais idosos de poderem usar aquele equipamento até para melhorar a saúde.
A questão das termas para elas terem viabilidade é a mesma necessidade de haver hotelaria adjacente. A prática que tem vindo a ocorrer aqui na região, nem aqueles projectos que conseguiram ter hotéis conseguem ter uma viabilidade e manter as termas em funcionamento com toda a propriedade e a dar rendimento. Nós sem hotel temos ainda mais dificuldade. Mantemos em funcionamento por esse cariz social. Queremos dar essa regalia também à nossa população e aos concelhos vizinhos. Muitos dos nossos clientes são dos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo e de Pinhel.
A GUARDA: A Feira de Caça, Pesca e Desenvolvimento Rural, em Vilar Formoso, tornou-se uma marca deste território. O que é que torna este evento tão atractivo?
António José Machado: É verdade que já passou a ser uma marca do território. Sem dúvida, a Feira de Caça, Pesca e Desenvolvimento Rural, em Vilar Formoso conseguiu implantar-se na região e ser uma referência nacional.
Eu recordo-me desta Feira quando ela ainda não existia. Digo isto porque eu palmilhei muitas feiras, juntamente aqui com os serviços, para ver como é que se fazia, para ter conhecimentos, para ter contactos. Fruto dos projectos, quer dos espaços que tínhamos na altura, com a Empresa Municipal e com o Posto de Turismo, a Feira teve diversas fases. De implantação, de algum crescimento e de afirmação. Houve esse crescimento e essa afirmação como produto e tem vindo sempre a ter um crescimento quer na dimensão, quer na procura de expositores, quer nas ofertas que fazemos e até na dimensão. Vamos ter que consolidar esse investimento. É um investimento avultado. O retorno acontece a nível associativo e a nível dos expositores. Falta-nos um pouco, também por este problema da falta de hotelaria, que haja um retorno efectivo dos visitantes que possam ficar no território de Almeida. Também fazemos eventos e valorizamos o território na sua generalidade. Muitos hotéis, certamente até da cidade da Guarda, vão ter utilizadores por causa da Feira de Caça e Pesca.
Mas sim, é um evento que já é uma referência. Também tem a procura do público espanhol. Fazemos coincidir o evento com o Mercado Mensal de Vilar Formoso que trás muitos visitantes espanhóis que ficam para a Feira, para a conhecer para a ver. É um momento alto para os habitantes e para os habitantes visitantes, porque há muita gente que trabalha fora e vai mantendo aqui a residência e ligações familiares. É um fim-de-semana de referência para poderem regressar a Vilar Formoso.
A GUARDA: Há alguma estatística em relação aos visitantes espanhóis?
António José Machado: Pode haver entre 3 mil a 4 mil visitantes espanhóis efectivos a entrarem na Feira. A feira mensal em Vilar Formoso têm à volta de oito mil pessoas e 30% a 40% entra à Feira de Caça e Pesca. Das estatísticas da Feira, nós chegamos ali aos 12/15 mil visitantes durante o fim-de-semana e muitos deles são espanhóis.
A GUARDA: É uma Feira que também pretende valorizar o mundo rural?
António José Machado: Sim, é uma feira que tem em vista o desenvolvimento rural. Damos oportunidade às empresas locais e regionais, porque vêm empresas do país inteiro aqui a expor. Damos prevalência às regionais.
A GUARDA: Vilar Formoso e Almeida continuam a ser uma porta de entrada em Portugal. O que é que poderia ajudar a fixar mais aqui as pessoas?
António José Machado: Temos apostado na criação e incentivo de novos produtos. Por exemplo, nesta Feira de Caça e Peca estamos a dar oportunidade aos fornos comunitários e aos espaços de pastelarias e padarias de poderem estar presentes. É o espaço “Do Pão ao Biscoito”. O que é que pretendemos com isso? Por um lado eles darem-se a conhecer, mas por outro lado incentivar também à fabricação do pão, a continuarmos a fazer o pão artesanal, a fazer os biscoitos artesanais nos fornos comunitários nas localidades. É uma mostra que vai ficar patente na Feira. É importante para os que já têm casas abertas e assim poderem mostrar produtos novos. Mas também é importante para criar apetite para que outros possam pegar nos exemplos e avancem de forma profissional. Neste caso o processo é amador, são as juntas de freguesia, são as associações que estão a fazer esses produtos. Um produto de pão com farinhas naturais teria uma procura grande.
A GUARDA: Qual o balanço que faz do último ano à frente da Câmara de Almeida?
António José Machado: Um Presidente de Câmara tem desafios muito grandes. Os problemas são diários, aparecem dificuldades todos os dias. Qual é o incentivo que nós temos de estar à frente de um território, de uma autarquia? É ver alguns dos projectos, que sonhamos e que pensamos, produzidos.
Eu tive o azar de apanhar um período de Covid e agora novamente uma crise que está instalada e isso nota-se. Temos a dificuldade de conseguir fazer com os orçamentos dar resposta a resposta a tantas solicitações, com as delegações de competências, com os aumentos dos preços, com essas questões. Mas a ilusão de conseguir implementar estes projectos que podemos diferenciar a nossa zona levam-nos a estar todos os dias a trabalhar nesse sentido.
Quando aprece um possível investimento temos de o acompanhar. Estarmos atrás do prejuízo. É bom ver projectos que consideramos importantes como a candidatura de Almeida a Património da Humanidade. Eu tenho quilómetros feitos por causa desse projecto. E do rio Côa para a parte do Património Natural é a mesma coisa. E depois obras que vamos desenvolvendo e projectos que vão nascer em breve dão-nos esse alento de continuarmos a trabalhar.
A GUARDA: Qual o projecto que gostaria de ter em andamento e ainda não foi possível?
António José Machado: Aquele da ligação a Vilar Formoso, esse é o projecto que eu vejo que pode criar a diferença na nossa zona. Claro que esse é um projecto que eu vejo com a possibilidade de naquele espaço aparecerem novos investimentos.
Mas claro, a candidatura a Património de Almeida seria uma lufada de ar fresco para a nossa região. Aliás, eu já disse isto mais vezes: Almeida fica no meio de mais quatro Patrimónios da Humanidade, com o Geopark, com Foz Côa, com o Douro e com Segaverde. Ficava aqui uma zona muito reconhecida mundialmente. Haveria certamente forma de trabalhar em conjunto de criarmos aqui produto que não fosse só de fim de semana, que pudesse ser mais do que isso. E ter aqui projectos que olhassem para essa realidade que temos nesta região. Mas, no concelho de Almeida, se visse esses projectos implementados, juntamente com o do Côa, ficava feliz.
A GUARDA: Apesar de todas as vicissitudes sente-se um Presidente realizado?
António José Machado: Há dias! Mas tenho honra em trabalhar para esta gente. Às vezes temos dias menos bons, mas quando pesamos o desempenho e conseguimos ver projectos a nascer é essa a satisfação que nos fica.