Igreja

A mensagem central da pregação de Jesus é o anúncio do Reino de Deus.

No evangelho deste domingo encontramos referências muito curiosas sobre a família de Jesus. Ele tinha deixado Nazaré e agora “percorria as cidades e aldeias da Galileia, ensinando nas sinagogas e proclamando o Evangelho do Reino” (Mt 9, 35). Tinha-se estabelecido em Cafarnaum, uma localidade situada à beira-mar, atravessada por vias de comunicação bastante mais movimentadas. As suas palavras e milagres começavam a difundir-se entre os habitantes da região. E, por certo, também a Nazaré devem ter chegado notícias da sua acção, umas abonatórias, outras talvez não. Certo é que o sossego daquela família não seria mais o mesmo. E, ainda por cima, com fariseus e herodianos a pensar como haveriam de O eliminar, os seus parentes teriam muitos motivos para estarem preocupados com eles, e ao saberem disso, “puseram-se a caminho para o deter”. (Mc 3, 21). Mas quem são estes ‘parentes’?

Quando pensamos na parentalidade, naturalmente lembramos os familiares mais próximos. Em Israel os laços familiares eram tão fortes que à família mais chegada pertenciam todos os familiares que vivessem em casas próximas. Mas mais importante é notar que a narração de Marcos não se centra nos familiares de Nazaré, mas faz uma catequese sobre a identidade da verdadeira família de Jesus. Para o evangelista, estes parentes que ‘ficam fora’ são figura do antigo Israel. A ‘mãe e os irmãos’ representam o povo da Antiga Aliança, os velhos costumes e tradições, a religião que se aprendia desde o peito materno. Neste texto é muito relevante a referência geográfica a que Marcos faz alusão: “ficando fora, mandaram-no chamar” (Mc 3, 31). Estes que ‘ficam fora’ são aqueles que têm dificuldade em abandonar suas convicções para ‘entrar’ na casa de Jesus. Até se sentem próximos de Jesus, mas não entram na sua intimidade.

Nestes parentes podemos ver também todos aqueles que dizem pertencer à família de Jesus, porque os seus nomes até estão escritos nos livros paroquiais de baptismo, mas depois, na prática, não entram, nem se sentam junto de Jesus para O escutar. Ficam ‘fora’, e porque não conhecem a sua Palavra não podem orientar por ela a sua vida. Quando o caminho é largo até O seguem; mas quando as dificuldades e dúvidas estreitam o caminho, logo O deixam. Jesus até poderia sair, vir cá fora, mas prefere convidar-nos a ‘entrar’, a tomar a decisão de se juntar à sua nova família, o novo Israel, a comunidade cristã, a Igreja. Ele deseja que estejamos perto d’Ele para nos deixarmos penetrar pelo seu olhar, ouvir a sua palavra e fazer a sua vontade. Os novos irmãos de Jesus são, de facto, “quem fizer a vontade de Deus” (Mc 3, 35).

Senhor Jesus, só tu sabes o quanto desejo fazer parte da tua família. Quero ser teu irmão, próximo, atento, fiel. Para isso preciso que me ajudes a não me acomodar, pensando já saber tudo acerca de Ti. Dá-me o gosto de me sentar sempre junto de Ti, de escutar atentamente a tua palavra e de a aprender a pôr em prática.
Amén.

Este domingo encontramos no texto do evangelho uma controvérsia que trespassou vários momentos da vida pública de Jesus e do seu relacionamento com os dirigentes religiosos do seu tempo.

“O Padre: Ministro e testemunha da alegria do Evangelho”

Com a Solenidade do Pentecostes chega ao fim o Tempo Pascal.