Encerradas as festas da quadra do Natal,

iniciámos já o tempo comum, que se prolongará por trinta e quatro semanas e que só terminará depois da Solenidade de Cristo Rei do Universo. Por agora, neste segundo domingo, como Pedro e André, também nós somos convidados a seguir Jesus, nosso Mestre e Messias. Para isso, precisamos, como os discípulos, de pessoas que, como João Baptista, no-l’O apresentem. Para indicar Jesus aos seus discípulos, o Baptista usa uma expressão que, à primeira vista, pode parecer enigmática: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1, 36). Porquê usar esta expressão? Se fossemos nós, talvez utilizássemos outras expressões mais simples de entender como, por exemplo, ‘Eis o libertador esperado’, ou ‘Eis o rei desejado’. Que significa afinal esta expressão? Para a entendermos melhor, temos de recordar um pouco da história de Israel e das imagens bíblicas do Antigo Testamento.

 
Quer João Baptista, quer sobretudo João Evangelista, têm presente a imagem do ‘cordeiro pascal’ cujo sangue, colocado nas ombreiras e nas padieiras das portas, salvou o povo de Israel no Egipto. O Evangelista tem também presente a imagem dos cordeiros que eram imolados e oferecidos em holocausto no Templo de Jerusalém nas vésperas da festa da Páscoa judaica anual. Todos nos lembramos que foi a essa mesma hora que Jesus Cristo foi condenado, crucificado e morreu na cruz. A associação que o Evangelista quer fazer é clara: Jesus é o Cordeiro de Deus, aquele cujo sangue derramado tira o pecado do mundo. Ora, apresentar Jesus como o ‘cordeiro de Deus’, é um convite a olhar já para o mistério da Páscoa, para a imolação do Cordeiro na cruz, cujo sangue derramado nos purifica dos nossos pecados. Convida-nos também a recordar o sacrifício de Cristo, mistério do qual fazemos memória em cada eucaristia.
 
Sempre que nos aproximamos da comunhão eucarística, escutamos estas mesmas palavras de João: ‘Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo’. Elas são para nós uma forte afirmação da fé, e recordam que é o Corpo e o Sangue de Cristo, consagrado na Eucaristia e recebido em Comunhão que tira o nosso pecado, que tira o pecado do mundo, isto é, que nos salva e santifica. Só Jesus Cristo, Cordeiro de Deus imolado na Cruz, só o Seu Sangue derramado, só a Sua Carne oferecida por nós, nos pode libertar das amarras do pecado e da morte. Este é um mistério tão grande e profundo que, por mais vezes que o celebremos, nunca se esgotará. Diante dele, em verdade, reconhecendo a nossa pequenez, só nos resta dizer: ‘Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo’.

Senhor Jesus, Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, hoje quero dizer obrigado por te teres oferecido na cruz por mim. Obrigado por Te ofereceres continuamente em comunhão. Ajuda-me a viver cada eucaristia com mais autenticidade. Sabes que eu não sou digno do teu amor e de tal entrega. Mas diz uma só palavra de perdão e eu serei salvo.
Amén