Ano da Misericórdia Visitar os presos…

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Jornal A Guarda

Como cristãos e como “homens boa vontade”, estamos a viver um ano proclamado pelo Papa Francisco

como “Jubileu Extraordinário da Misericórdia”. Quando falamos de misericórdia, referimo-nos a ações concretas de caridade através das quais nos aproximamos dos outros, nas suas necessidades corporais e espirituais. Através da reflexão e, sobretudo, da prática das obras de misericórdia corporais e espirituais, o Papa Francisco deseja acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida diante do drama da pobreza e entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina.
Neste processo, Jesus é o “rosto da misericórdia” e, como tal, o modelo para todos os cristãos que são chamados a ser misericordiosos, isto é, a redescobrir as sete obras de misericórdia corporais e as sete obras de misericórdia espirituais. Entre as obras de misericórdia corporais encontra-se a obra de misericórdia “visitar os presos”. A vivência cristã desta obra de misericórdia implica ver a pessoa para além do crime ou ilícito cometido, por maior que ele tenha sido, ou seja, ver o preso como “pessoa” e como rosto do próprio Cristo, como Ele mesmo disse. Tal reclama gestos de proximidade em vez de afastamento, compreensão e perdão em vez de condenação, restauração em vez de punição, vida em vez de morte. Estas atitudes, humanamente falando, não são fáceis de tomar, mas aí, para o cristão, o apoio e a segurança estão na palavra e no exemplo do próprio Jesus. Como tal, o desafio desta presença na prisão ou em favor das pessoas reclusas é um imperativo de consciência cristã, podendo acontecer de forma particular ou de forma mais institucional e organizada.
Em Portugal, à semelhança de muitos outros países, existe a Pastoral Penitenciária enquanto ação pastoral da Igreja católica relacionada com o meio prisional. Trata-se de um Serviço eclesial inserido no Secretariado Nacional da Pastoral Social e diretamente dependente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, da Conferência Episcopal Portuguesa. Este Serviço é dinamizado, a nível nacional, por uma Equipa de Coordenação Nacional que exerce a sua ação em conjunto com as 20 Dioceses e os 49 estabelecimentos prisionais do país, com os respetivos serviços de assistência espiritual e religiosa, procurando estar atenta à realidade prisional em geral e, de um modo especial, às pessoas em situação de reclusão e seu contexto envolvente. A nível da diocese da Guarda, temos as cadeias da Guarda e da Covilhã, com duas equipas de assistência espiritual e religiosa, uma em cada prisão, ambas destinadas a ajudar na dinamização da presença da Igreja católica diocesana no meio desta “periferia” da sociedade.
São múltiplos os desafios que este Serviço da Igreja Católica em Portugal tenta propor e levar a cabo em favor das pessoas privadas de liberdade. Neste ano jubilar está previsto o XI Encontro Nacional de Pastoral Penitenciária, em fevereiro; uma Peregrinação Nacional de Reclusos a Fátima, em julho; o Jubileu da Misericórdia, em Roma, em novembro; e a proposta de uma “Amnistia” a apresentar na Assembleia da República. Além disso, propõe-se a todos, a começar pelos cristãos, que se interessem mais pelas prisões e pelos presos enquanto assunto que a todos diz respeito; sejam colaboradores ou voluntários prisionais, ligados aos serviços de assistência espiritual e religiosa existentes em todas as prisões do país; contribuam para a intervenção da Igreja católica em meio prisional; colaborem na procura de caminhos de dignificação e de reinserção de pessoas reclusas; organizem sessões temáticas sobre prisões e pessoas presas; organizem campanhas de solidariedade em favor de pessoas reclusas; solicitem a colaboração dos serviços de Pastoral Penitenciária a nível local e nacional; entre outros.
Ao longo deste ano, daremos notícia, com uma periodicidade mensal, de algumas das preocupações e atividades relacionadas com a presença da Igreja Católica no meio das pessoas privadas de liberdade, seja a nível nacional, seja a nível diocesano.
É que só assim, com atitude e gestos concretos, terá sentido proclamar, neste ano e não só, a obra da misericórdia “visitar os presos”.
Paulo, voluntário prisional

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