Entrevista - Bruno António Loureiro Almeida Lopes

Bruno António Loureiro Almeida Lopes vai ser ordenado sacerdote no próximo Domingo, 18 de Junho, na Sé da Guarda. O futuro sacerdote é natural de paróquia da Castanheira, Arciprestado de Trancoso. Actualmente está a trabalhar no arciprestado de Penamacor sob a orientação do Pe. Joaquim António Morais Martins.
A GUARDA: O que é que te levou a entrar no Seminário?

Bruno Lopes: Duc In Altum. A Jesus que nos chama não podemos ter medo de responder, pois todos estamos direccionados a seguir um caminho, o qual já está traçado por Deus.
Chamo-me Bruno António Loureiro Almeida Lopes, nasci a 2 de Outubro de 1991, na paróquia da Castanheira, Arciprestado de Trancoso, Diocese da Guarda. Sou originário de uma família com uma vida cristã bastante activa, assim desde criança que frequento a Missa Dominical, acompanhado pelos meus pais e pelas minhas irmãs.

A GUARDA: Como é que os jovens da tua terra reagiram à tua escolha, quando decidiste ser padre?

Bruno Lopes: Como todos os jovens fiz a minha instrução primária na escola da aldeia. Aproximou-se o momento de ir para a escola de Trancoso, mas pensei entrar no seminário, falei então com os meus pais, o que logo nos levou a falar com o Sr. Pe. Joaquim António Duarte, que se disponibilizou a ajudar.

A GUARDA: O teu percurso académico passou por onde e quais os principais desafios com que te deparaste?

Bruno Lopes: Entrei no seminário para o 5º ano de escolaridade, o que de início não foi fácil face a distância da família, pois as saudades eram muitas. Mas com o apoio da equipa formadora e das irmãs que também nos acompanhavam foi ultrapassado e assim cresci e permaneci nesta casa durante cinco anos, com jovens de diversas partes da nossa diocese que na comunhão faziam crescer uns aos outros com a finalidade de formar uma família e discernir a vocação.
Terminado o 9ºano passei para o Seminário Maior Guarda, onde muitas coisas eram novas: nova casa, novos formadores, novo ambiente, novos colegas, nova escola, uma nova etapa e tinha de enfrentar a novidade com ânimo e alegria pois eu queria conhecer esta nova realidade e com ela crescer na comunhão com os outros e com o mundo. Terminado o 12º ano, ainda não sabia ao certo o que queria seguir, eram muitas as questões, estava na altura de tomar uma decisão. Cheguei mesmo a pôr a hipótese de sair do seminário e iniciar novo rumo, mas algo em mim dizia que devia seguir e assim foi. Nova etapa começou, o 1ºano de teologia, novamente mudanças de casa, de colegas, nova realidade e novo contacto com os seminaristas das dioceses de Viseu, Bragança e Lamego que também frequentavam ali o seminário. Passava a semana no Seminário Maior de Viseu e aos fins-de-semana regressava à Guarda para assim estar em contacto com as paróquias diocesanas, o que me ajudou muito, pois sinto-me feliz no serviço aos outros. Terminado o 3º ano, novos desafios, pois com a diminuição do número de seminaristas tivemos de nos deslocar para Braga, e ai frequentar a faculdade de teologia, onde se formou o Seminário Interdiocesano de S. José com as mesmas dioceses. Foi lá que conclui o curso de teologia, com a defesa da dissertação intitulada, O contributo do venerável Dom João de Oliveira Matos na Diocese da Guarda.

A GUARDA: Foi difícil deixar algumas coisas para trás no momento da decisão final?

Bruno Lopes: Neste percurso de seminário, tenho de salientar que as dificuldades estão presentes, mas que na partilha com os outros e em tantas coisas boas, há sempre uma alegria maior. Temos tempo para tudo, para rezar, para estudar, para passear, para fazer desporto entre tantas outras coisas. O seminário forma homens que no discernimento da sua vocação escolhem, ou não, o caminho do sacerdócio. O Seminário é um caminho de descoberta da presença de Cristo na nossa vida, um Cristo que nos chama e nós seguimos. Então… why not priest… porque não ser padre… porque não embarcar na aventura a que muitos chamam de loucura, apaixonados por Cristo, respondendo assim ao desafio de Jesus, “Segue-me”. Não tenhas medo de te entregar nas mãos de Deus a full time.

A GUARDA: Nos últimos tempos tens desenvolvido a tua missão no arciprestado de Penamacor, onde o despovoamento é uma realidade. Como é que tens lidado com esta situação?

Bruno Lopes: Actualmente estou a trabalhar no arciprestado de Penamacor desde 9 de Outubro de 2015, sobre orientação do Pe. Joaquim António Morais Martins. Inicialmente ainda como acólito, mas actualmente como diácono desde Outubro de 2016, é uma zona da diocese onde claramente se nota o despovoamento, mas este é um facto que se vê por toda a diocese e em todo o interior. Perante isto, e como não pode deixar de ser, fazemos o que podemos e direccionando o trabalho para a mesma realidade. Ainda assim, temos alguns jovens empenhados na paróquia e actualmente além dos escuteiros, temos também um grupo de jovens no projecto da JOC (juventude operária católica).

A GUARDA: No dia 18 de Junho, vais ser ordenado sacerdote na Sé da Guarda e escolheste como lema “Ai de mim, se não evangelizar”. O que é que te levou a optar por este lema?

Bruno Lopes: Olhando para Jesus e para o mandato que nos deixou: Ide por todo mundo, sinto-me chamado a evangelizar, a dizer tal como São Paulo. Esta missão de evangelizar, de anunciar não está confiada apenas aos sacerdotes mas a todos os que pelo baptismo renascem para uma vida nova. Neste sentido sinto-me impelido a testemunhar com a própria vida este mando de Jesus. Como sacerdote quero realmente ser o reflexo de Cristo, todos e cada dia, quero servir todos os diferentes de forma igual, acolher na minha vida todos e cada um, quero seguir o exemplo de Jesus.