“Trata-se de uma oportunidade única, de aprender com alguns dos melhores especialistas da área da Ginecologia Oncológica”


João Casanova, médico especialista em Ginecologia/Obstetrícia, natural da Guarda, vai fazer um programa de subespecialização em Ginecologia Oncológica no Memorial Sloan-Kattering Cancer Center em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA). Este ano, dos cerca de 20 candidatos a nível mundial, foi escolhido o jovem médico natural da Guarda, com 34 anos. João Casanova é o primeiro médico português a ser aceite naquele centro dos EUA.
A Guarda: Quem é João Casanova e que ligação tem à Guarda?

João Casanova: Sou médico, especialista em Ginecologia-Obstetrícia e actualmente trabalho no Centro Hospitalar de Gaia-Espinho. Tenho 34 anos e sou natural da Guarda.

A Guarda: Qual o seu percurso académico?

João Casanova: Estudei na Escola Secundária Afonso de Albuquerque, na Guarda, e posteriormente licenciei-me em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Realizei a especialidade de Ginecologia-Obstetrícia na Maternidade de Júlio Dinis, no Porto. Durante este período de tempo, estive também no estrangeiro, nomeademente em Clermont-Ferrand (França) e em Tapei (Taiwan). Estes dois estágios incidiram sobre a cirurgia minimamente invasiva.

A Guarda: Como surgiu a possibilidade de fazer um programa de subespecialização em Ginecologia Oncológica no Memorial Sloan-Kattering Cancer Center em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América?

João Casanova: Desde o tempo da faculdade, sempre soube que independentemente da área em que me iria especializar, o meu futuro teria que ser no combate ao cancro. Para quem tem interesse na Oncologia, em qualquer uma das suas vertentes, o Memorial Sloan-Kettering é um hospital conhecido internacionalmente e provavelmente um dos melhores do mundo. Posso dizer que todo o meu percurso, durante a especialidade de Ginecologia, teve sempre como objectivo final chegar onde estou agora, quase a começar este desafio. Tudo começou com uma simples troca de email com um futuro colega e depois foi um processo longo, com mais de um ano de preparação em que tive de estudar novamente todo o curso de Medicina enquanto desenvolvia a minha actividade clínica (para poder exercer nos EUA é necessário ser aprovado em 3 exames que versam sobre todo o curso de Medicina, isto é desde ciência básica até ás grandes áreas clínicas, como a Medicina Interna, a Pediatria...). Finalmente fui seleccionado para ser entrevistado em Nova Iorque e acabei por ser escolhido para iniciar o programa de subespecialização em Julho deste ano.

A Guarda: O que representa para si esta oportunidade e como se sente pelo facto de ter sido escolhido entre 20 candidatos a nível mundial?

João Casanova: Trata-se de uma oportunidade única, de aprender com alguns dos melhores especialistas da área da Ginecologia Oncológica, num centro de referência e num ambiente de excelência científica e clínica. Trata-se de um programa altamente competitivo (todos os anos é disponibilizada apenas uma vaga para todo o mundo) pelo que me sinto extremamente orgulhoso e com a sensação de dever cumprido, uma vez que foi um teste às minhas capacidades.

A Guarda: Quando começa o programa de subespecialização e quanto tempo vai durar?

João Casanova: O programa tem a duração de 2 anos e começa a 1 de Julho de 2015.

A Guarda: Depois deste programa tenciona regressar a Portugal e à Guarda?

João Casanova: O objectivo será regressar a Portugal. Um dos pontos abordados durante as entrevistas que realizei em Nova Iorque foi esse mesmo - o que fazer quando terminar? Para os meus futuros colegas é fundamental que os médicos estrangeiros que vão aprender com eles regressem aos países de origem, para criar redes de colaboração e para que globalmente os cuidados prestados aos doentes sejam os melhores possíveis.

A Guarda: Gostava de um dia poder trabalhar no Hospital da Guarda?

João Casanova: Num futuro próximo não me parece possível porque sendo a Ginecologia Oncológica uma área eminentemente cirúrgica, é fundamental que haja massa crítica e acima de tudo um número considerável de casos cirúrgicos, que é essencial para qualquer cirurgião desempenhe a sua actividade o melhor possível.

A Guarda: Que opinião tem sobre o Serviço de Obstetrícia do Hospital da Guarda?

João Casanova: Durante o meu internato em Ginecologia-Obstetrícia, passei alguns meses no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital da Guarda. Pude aperceber-me das diferenças que existem entre os hospitais centrais e os hospitais distritais, mas o Serviço estava bem organizado e a qualidade dos cuidados prestados aos doentes era elevada.