Serra da Estrela


O agricultor Albino da Silva Brazete, de 67 anos, viúvo, é um dos últimos habitantes dos Casais de Folgosinho. “Vim para aqui com os meus pais aos 13 anos”, contou, referindo que apenas saiu daquele local quando foi para a Guerra do Ultramar. “Vim da Guerra do Ultramar em 1972 e estive aqui dois anos com os meus pais. Depois eles compraram uma quinta à beira do Rio Mondego, no Covão da Ponte. Eles foram para lá e eu fiquei aqui”. Actualmente tem 78 ovelhas, 30 cabras e 20 vacas. É responsável por 105 hectares de terreno e paga anualmente “1.800 euros de renda”. “Este ano já semeei 64 sacos de centeio”, disse o homem que vende diariamente o leite das ovelhas. “Enquanto a minha mulher foi viva fazíamos queijo de ovelha e vendia-o todo aqui, nunca precisei de ir para lado nenhum. Quando ela morreu o queijo deixou de ser feito e passei a vender o leite”, relatou ao Jornal A GUARDA. Albino da Silva Brazete gosta de viver num local paradisíaco e em permanente contacto com a Natureza, mas refere que “não compensa” viver da agricultura. “Se não fosse o subsídio valia mais arrumar as botas. O centeio é vendido mais barato agora do que há 20 anos. Desde que mudaram o escudo para o euro foi uma machadada”, justificou.
Nos Casais de Folgosinho o agricultor encontra paz e tranquilidade e refere que vive “bem”. “Desde que haja saúde e trabalho vive-se cá bem”. Na sua habitação já tem energia eléctrica, um benefício que chegou há cerca de uma década. Antes disso a vida era mais difícil e obrigava a recorrer a geradores: “Rompi cá dois geradores para ter luz”. O mesmo habitante dos Casais de Folgosinho contou ainda que em muitos dias do ano está “mesmo sozinho”, mas recebe amiúdes vezes a visita de familiares e de amigos. Foi o que aconteceu na quinta-feira, no dia da Festa da Senhora do Assedassse. “Esta festa juntou sempre muita gente. Antigamente, quando havia mais gente, era festa e também uma espécie de feira, porque vinham muitos rebanhos e juntas de bois e como vinham os negociantes de gado, faziam-se muitos negócios no dia da festa”.