D. João de Oliveira Matos


O servo de Deus, D. João de Oliveira Matos, nasceu na freguesia de Valverde, Fundão a 1 de março de 1879. Foi ordenado sacerdote há 123 anos, no dia 28 de março de 1903, na Capela do Paço Episcopal do Fontelo, em Viseu.
Nesse dia, tornou-se um instrumento de Deus para, que através do dom do ministério sacerdotal celebrasse o mistério eucarístico na sua vida e na igreja. Nos ensinamentos da igreja repete-se, muitas vezes, a afirmação “a Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a igreja”. Bem podemos aplicar ao senhor D. João a grandeza e a amplitude destas palavras. Como sacerdote, ele nasce da celebração da Eucaristia e como sacerdote torna-se ministro da Eucaristia.
Foi sempre notório, na vida deste servo de Deus desde a sua juventude, o grande amor à celebração da Eucaristia e à Adoração Eucarística. Impressionava as pessoas, sempre que celebrava a Eucaristia e o viam em silêncio, a rezar diante do sacrário ou então a presidir à solene Adoração Eucarística.
Era um adorador em espírito e verdade. Era um sacerdote identificado com Cristo, numa atitude oblativa, em contemplação mística, esquecendo-se de si mesmo, do tempo e de tudo o que se passava à sua volta, ficando absorvido, unicamente, no todo e absoluto de Deus, razão primeira e última do seu modo de viver e testemunhar. D. João tomou para si as seguintes palavras de Jesus: “O meu alimento é fazer a vontade de meu Pai”. Mergulhado no mistério de Jesus na Eucaristia, centrava a sua vida no próprio Cristo, fazendo em si a experiência de S. Paulo, “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.
A vida do Servo D. João era um deixar-se envolver pela Santíssima Eucaristia, Sacramento que marcou, profundamente, a sua vida, a de muitas pessoas e a das comunidades da Liga dos Servos de Jesus, com o seu exemplo, testemunho, oração e devoção. O modo como rezava e entrava na contemplação do mistério de Deus, fez dele um pastor bom, um servo fiel, que alimentava a sua vida na Palavra de Deus, na Eucaristia, nos sacramentos, e na prática da caridade cristã. Quem convivia com ele, diariamente, não deixa de lembrar que a vida do senhor D. João era gasta na contemplação e na ação, onde tinha um lugar importante a oração, a penitência, o silêncio e o serviço vivido com dinamismo na missão de apóstolo na Igreja e no mundo, cuidando das crianças, dos jovens, dos pobres, dos abandonados e esquecidos.
Foi uma vida centrada na Eucaristia. Também, em cada celebração, ele pôde dizer: “Tomai, todos e comei: Isto é o meu Corpo entregue por vós. Tomai e bebei: Este é o cálice do meu sangue que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados”. O pão e vinho que se convertem no Corpo e Sangue de Cristo, para salvação do mundo, foram a referência quotidiana da vida deste sacerdote e bispo.
Na contemplação deste mistério, soube sempre rezar: “Ó Sagrado Banquete, em que se recebe Cristo e se comemora a sua Paixão, em que a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da futura glória”.
O Corpo de Jesus Cristo tornou-se para o senhor D. João o pão da unidade, das suas obras, pois às suas casas chegavam necessitados, que sentados à mesa tomavam a refeição, sinal do banquete eucarístico que, diariamente, celebrava com tanto fervor.
Nas comunidades da Liga, onde Jesus reinava, a Eucaristia era o centro de toda a vida e apostolado. Por isso, nos momentos fortes de adoração, podemos afirmar que brilhava a sua devoção e o seu zelo por Jesus presente no pão da Eucaristia: “Bendita, bendita seja a divina Eucaristia que ilumina a santa Igreja como o sol de cada dia”. Para ele, Jesus era o pão que o Pai nos dá em alimento: “Quem comer deste teu pão tem a vida eterna”. Viverá para sempre…
O Servo de Deus D. João bem pode ser recordado com as palavras do Papa Bento XVI: “Um simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor”. Como escreveu Moreira das Neves: “Santo na vida e na morte…”
Recordar o Servo de Deus D. João de Oliveira Matos no Centenário da Fundação da Liga dos Servos de Jesus, é reconhecer que a vida cristã só tem sentido quando está ligada à Eucaristia, porque nela, a fé e o amor que recebemos de Cristo, transforma-nos e identifica-nos com Ele.
Viseu, 18 de fevereiro de 2024