DOMINGO I DA QUARESMA


Ao iniciarmos o Tempo da Quaresma com o gesto penitencial da imposição das cinzas, recordamos que a nossa humanidade teve um princípio e terá um fim: “voltamos ao pó donde viemos”. Mas esta humanidade enriquecida com o dom de Deus, faz caminho de purificação, de conversão e de fé para que a participação no Reino de Deus seja efetiva.
Assim, como diz o Papa Francisco: “A Quaresma é um tempo de penitência, sim, mas não um tempo triste! É um tempo de penitência, mas não um tempo triste, de luto. É um compromisso jubiloso e sério para nos despojarmos do nosso egoísmo, do homem velho, e nos renovarmos segundo a graça do nosso batismo.”
Por isso, neste Primeiro Domingo do Tempo da Quaresma, a Palavra de Deus coloca diante de nós a Aliança que Deus fez com Noé e os seus filhos apontando para a Nova e Eterna Aliança que havia de fazer em Seu filho, e que é simbolizada como nos diz São Pedro na segunda leitura na água do batismo, em que mergulhamos com Cristo, na Sua morte, pela Sua ressurreição, recebemos a vida nova. É esta vida recebida por dom de Deus, que nos leva a sentir necessidade de conversão, pela escuta, meditação e realização da Palavra de Deus na nossa existência.
Este Tempo da Quaresma, faz-nos lembrar que estamos a caminhar para a Páscoa, caminho este que é vivido numa perspetiva penitencial com vista ao arrependimento, para que a nossa fé no Evangelho seja mais fortalecida.
Na primeira leitura do livro do Génesis, Deus como sempre toma a iniciativa e diz a Noé e aos seus filhos, que fará uma Aliança com eles e não haverá mais “dilúvio” destruidor da terra. O sinal desta Aliança é o arco (Arco-íris) que liga a terra e o céu e cada vez que ele aparecer, Deus recordará a aliança que estabeleceu com eles, não permitindo a destruição total.
São Pedro, na segunda leitura, lembra-nos que Cristo morreu uma só vez pelos pecados, para nos conduzir a Deus. Por isso, a nossa caminhada quaresmal, tem em vista preparar o nosso coração, para celebrar o mistério Pascal que nos recorda que o sacrifício único e irrepetível da morte de Cristo no alto do calvário, pregado na Cruz, tem na Ressurreição a vitória sobre a morte e o pecado, a plenitude da Salvação.
É este mistério pascal, que São Pedro nos recorda ao falar naqueles que se salvaram pelas águas e que agora é vivido nas águas do batismo. Mas São Pedro, vai mais longe dizendo-nos que o “Batismo que agora nos salva”, não é para purificar o corpo, “mas o compromisso para com Deus de uma boa consciência”.
Assim é, pois, relevante que o nosso batismo nos comprometa a viver com a nossa consciência bem formada para que a paz seja a sua almofada e a vida o revele nas nossas ações.
No Evangelho, São Marcos, coloca depois do batismo de Jesus e de uma forma sintética, a Sua ida para o deserto impelido pelo Espírito, onde foi tentado. É este lugar, o deserto, que representa o espaço de preparação para a Missão, mas já que não precisava de conversão, mas na Sua Humanidade passa através da provação, por nós, para nos doar a graça de vencer as tentações.
Assim, é depois de deixar o deserto que Jesus começa, segundo o evangelho de São Marcos a pregar o Evangelho. É esta pregação que contem o limite temporal, “cumpriu-se o tempo” e a proximidade do Reino de Deus. É esta proximidade com o Reino de Deus que requer dos destinatários da pregação, a atitude do arrependimento e a fé no Evangelho.
Ao longo desta Quaresma, que o caminho de mudança e de conversão, tenha da nossa parte a clarividência da necessidade do reconhecimento do pecado, para levar ao arrependimento, e a preocupação para esclarecer cada vez mais a nossa fé, e assim nos levar a acreditar, de coração humilde, no Evangelho.