DOMINGO IV DO TEMPO COMUM


A Liturgia da Palavra deste IV Domingo do Tempo Comum, coloca diante de nós o anúncio” de que Deus dará ao Seu povo um profeta e que porá na boca dele a Sua Palavra”. Este anúncio contido na primeira leitura, concretiza-se em Jesus Cristo que no evangelho é reconhecido pela autoridade com que ensina e pela coerência com que põe em prática o ensinamento.
Assim, ao longo dos séculos da história do Povo Eleito, Deus vai instruindo e iluminando o Seu Povo, mas o profeta anunciado por Moisés é identificado em Jesus Cristo: “Está no meio de nós um grande profeta, Deus visitou o Seu Povo”, e quando perguntam a João Batista, “És tu o profeta que está para vir, ou temos de esperar outro?”
Jesus é o grande Profeta de Deus que estava anunciado e que na Sua presença no meio do Povo assume esta Sua missão profética: “O espírito do Senhor está sobre mim, porque ele Me ungiu. Enviou-me a anunciar a Boa Nova aos pobres, a proclamar a libertação aos cativos e a vista aos cegos, a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável ao Senhor.” (Lc 4,18)
Por isso, só Jesus realizaria a missão de profeta, de modo perfeito e incomparável. Ele é o grande profeta que fala com autoridade.
A primeira leitura apresenta-nos Moisés a falar ao Povo e a comunicar que Deus faria surgir no meio do seu povo e entre os seus irmãos um profeta como Ele, a quem eles deveriam escutar.
No evangelho, São Marcos, coloca a acção de Jesus na Sinagoga de Cafarnaum a ensinar e a fundamentar a Sua doutrina com autoridade, pois até os espíritos impuros Lhe obedecem. A maneira como Jesus, assume a Sua Missão, faz com que aquilo que ensina e aquilo que realiza sejam revestidos de autoridade própria, tocando o coração daqueles que escutam e presenciam.
Ensinar com convicção é assumir a autenticidade daquilo em que se acredita e transmitir com a autoridade que nos foi confiada. A nossa fé vivida com convicção e coerência revela o caminho que fizemos de aceitação da autoridade d’Aquele que ensina, o nosso mestre e Senhor Jesus Cristo.
No entanto, neste mundo e nesta sociedade, podemos ter situações semelhante àquela que está contida na pergunta que aquele homem do evangelho, com um espírito impuro, faz a Jesus: “Que tens que ver connosco, Jesus Nazareno?” que revelam um individualismo e um egoísmo profundos quando confrontados com a ética das suas decisões, ações ou critérios.
Jesus Cristo pode ser encarado como Alguém que importuna a liberdade, que condiciona as decisões, que radicaliza um estilo de vida, que exige coisas impossíveis que frustra planos pessoais ou que impõe sacrifícios desumanos.
Mas para quem acredita em Jesus, a convicção que temos é outra, é a certeza da origem divina da Sua autoridade.
Por isso, a adesão salvífico de Deus em Cristo Jesus, efetiva-se pela credibilidade do Seu testemunho, pela perfeita sintonia entre o que diz e o que faz e pela eficácia da sua ação. Ele é, por isso, não só Aquele que devemos escutar, mas também o único capaz de afastar e calar as vozes que, dentro de cada um, parecem afastar dos caminhos de Deus.