DOMINGO III DA QUARESMA


Neste terceiro domingo da Quaresma, a liturgia da Palavra tem apresenta-nos os dez mandamentos como concretização da Aliança de Deus com o Seu povo, sublinha a pregação sobre Cristo crucificado que é poder e sabedoria de Deus e a purificação do Templo como sinal de um novo templo e um novo culto.
Assim encontramos aspetos fundamentais de reflexão neste tempo da Quaresma para que o nosso caminho quaresmal seja verdadeiramente caminho de purificação, de mudança e de fortalecimento da fé no poder e sabedoria de Deus revelados na Sua grande misericórdia.
A primeira leitura apresenta-nos a proposta dos mandamentos da lei, saídos das palavras de Deus, que lembra ao Seu povo que foi Ele que os retirou da escravidão do Egipto, e que por isso não devem ter outros deuses, mas devem prestar culto a Ele, o Deus verdadeiro. Os mandamentos dados ao povo, eram uma linha orientadora que efetivamente ajudava os que os pusessem em prática ao fazer a vontade de Deus.
Por isso, a atitude do Senhor Deus, perante aqueles que o amavam e guardavam os Seus mandamentos, era de misericórdia infinita, para que a consciência do Povo pudesse reconhecer que o caminho do mal que ofendia a Deus, tinha como consequência o castigo.
Assim, os mandamentos balizavam, isto é, estabeleciam limites dos comportamentos dos membros do Povo de Deus, para que vivessem e construíssem uma boa conduta, na relação com Deus e com os seus semelhantes.
Na segunda leitura São Paulo coloca diante de nós a certeza de que para aqueles que são chamados, Cristo é o Poder e a Sabedoria de Deus; Significa isto que, São Paulo alertava para aqueles que viviam sempre na atitude de que Deus lhes resolvessem os seus problemas com milagres e a seu pedido, e para aqueles que confiavam apenas na sua sabedoria humana e não no poder de Deus.
Por isso, a segunda leitura apresenta-nos Aquele que é pregado como O Crucificado e que é visto como um escândalo, porque fica de fora das conceções humanas normalmente aceitáveis.
Hoje continua a ser algo fora do normal, para quem não tem fé ou não acredita, apresentar como exemplo de Salvação e de Amor, alguém que morreu na cruz. Assim, nesta caminhada quaresmal, nós que acreditamos, somos chamados a enraizar-nos em Cristo, para que a Sua Cruz seja efetivamente sinal do Poder Redentor e da Sabedoria de Deus que nos aconchegam no Perdão e na Misericórdia que nos renovam interiormente.
O evangelho de São João, apresenta-nos a atitude de Jesus de Purificar o Templo: “Não façais da casa de Meu Pai uma casa de negociantes”.
É esta atitude um sinal para que a purificação do templo fosse concretizada com o surgimento de um novo culto e um novo templo que é o próprio Ressuscitado.
Assim, Jesus leva efetivamente, à concretização da purificação do templo no Seu mistério pascal, na Sua paixão, morte e ressurreição, já que daí sai o novo culto vivido em espírito e verdade e um novo templo, o do Seu corpo glorioso que vai ter na Igreja a dimensão terrena. Ora a Igreja, como corpo de Cristo, formada por cada um de nós, é efetivamente aquela que necessita de constante purificação, isto é, de fazer do Ressuscitado o modelo de vida e não o que São Paulo recorda na segunda leitura, as atitudes desviantes de que apenas confia na sabedoria humana e no poder terreno e a atitude de quem espera e encomenda milagres para resolver os problemas.
Por isso, este terceiro domingo da caminhada quaresmal, nos ajude a ter bem presente no coração que a conversão e mudança interior, requerem da nossa parte um esforço efetivo para fazer a vontade de Deus no nosso dia a dia e a humildade suficiente para aceitar e reconhecer os nossos erros, como ponto de partida para nos emendarmos.