DOMINGO VI DO TEMPO COMUM


A Liturgia da Palavra deste VI Domingo do Tempo Comum, neste dia 11 de fevereiro, Dia Mundial do Doente, coloca diante de nós a situação dos doentes de lepra que ao tempo era quase incurável e era segregadora na condição humana em contexto social e religioso. A forma como aqueles que tinham a lepra eram tratados, colocava-os numa condição exclusão total e visivelmente classificados e expostos como impuros, logo apontados como pecadores. Abandonados à sua sorte eram mortos-vivos que carregavam em si a pesada pena que era a impureza e por isso também excluídos da vivência religiosa e do lugar sagrado que era a sinagoga.
A recuperação da condição da dignidade humana, da vivência social e religiosa estava condicionada à cura declarada pelo sacerdote e à oferta daquilo que estava prescrito na lei mosaica.
Assim a nossa reflexão encontra na miséria humana, o campo de ação da compaixão e da misericórdia de Deus que nos aponta caminhos de ação junto daqueles que a miséria humana excluiu.
Por isso, a primeira leitura, do livro do Levítico, apresenta a lei da exclusão para os doentes de lepra que tinha como meio contra o contágio, a segregação e condição de afastamento em medida e o grito que chamava à atenção para a sua impureza.
É neste contexto desumanizador que Jesus no Evangelho nos aponta a maneira como lidar com as situações desumanizantes e que resgata pela sua misericórdia a dignidade perdida pelo estigma social e religioso.
O texto do Evangelho coloca assim, a situação de alguém que acreditava que Jesus tinha poder para o livrar da sua condição de excluído, curando-o da sua doença. A sua atitude de se colocar diante de Jesus em posição suplicante de joelhos, revela a sua humilde fé, confiando Naquele a quem suplicava.
É com humildade e confiança que suplica, que pede, que apela à vontade de quem pode dar o que ele precisa: “Se quiseres, podes curar-me.” A postura de um necessitado que anseia por poder ter de volta, a aceitação na comunidade, a participação no culto, o lugar na família, é para nós motivo, de nos fixarmos Naquele que ensina o acolhimento e o perdão, a participação e o respeito pela dignidade da Pessoa.
Por isso, a resposta foi imediata, as barreiras da lei, que excluíam a dignidade, foram quebradas e a misericórdia, a compaixão e a bondade foram manifestadas no gesto e na cura do Homem.
Jesus age sempre em favor da pessoa, e normalmente os destinatários da Sua ação e da Sua graça, são os mais vulneráveis, os desprotegidos e os excluídos, porque a Salvação que Ele traz não pode ser aprisionada e retida pela norma que exclui o Homem de receber os dons de Deus.
Assim, aquele que O procura, aquele que Lhe suplica, aquele que sente necessidade da Sua misericórdia, acredita que alcançará do olhar bondoso e compassivo de Deus o que mais deseja.
Cumulado com a graça da cura, que o inseria de novo na vida comunitária e religiosa, aquele homem não conteve a alegria, a felicidade, a liberdade de manifestar o que lhe tinha sucedido e quem o tinha curado.
Hoje somos convidados a refletir sobre a atitude que cada um toma nas suas necessidades: A quem recorro? De quem me aproximo? A quem suplico? Quando reconheço a doença do corpo sei o que fazer… e as doenças da alma, reconheço-as como tal?
Que a Igreja de hoje, saiba imitar Jesus nestes caminhos do mundo, com gestos que libertam, que curam e que dão esperança aqueles que procuram sentido para a vida.
Como São Paulo era imitador de Cristo e tudo fazia para a glória de Deus, que nós possamos também fazer tudo para a glória de Deus imitando a Jesus Nosso Senhor.